Yeah! Chegamos a 2018... Considere-se um privilegiado... Ou não. Rsrsrs... Bom, fato é que esperamos um ano menos árduo e mais auspicioso. Vamos ao primeirão do ano.
RUMBLE FISH
Esse ano o filme de Francis Ford Coppola, "Rumble Fish" completa trinta e cinco anos de lançamento. Aqui, no Brasil, ele veio traduzido como "O Selvagem da Motocicleta". Um filme que marcou uma singela virada na carreira do diretor, pois ele vinha dos dois "Godfather" (I e II), além do magistral "Apocalipse Now". O cinema esperava que Coppola viesse com algo bem Hollywood, mainstream ou pomposo, porém ele saca uma adaptação de S. E. Hinton (escritora americana) e surpreende meio mundo com um filme sombrio, em preto e branco e filosófico. Tudo no filme é vagaroso, confuso e enigmático. Matt Dillon (com 19 anos) vive um jovem atormentado pela ausência da mãe e a indiferença de seu pai alcoólatra. Líder de uma gangue numa minúscula cidade em Oklahoma, vive a espera de seu irmão (Mickey Rourke), lenda viva do local e ídolo seu. O retorno de seu irmão anima o jovem, mas ele percebe com o tempo que a lenda não é mais a mesma. Bom... Aos mais jovens eu recomendo bastante. Trata-se de um clássico do cinema. Coppola acerta em diversos aspectos. Primeiro a escolha em P&B. Dá um clima "noir" na película. Depois o clima esfumaçado também ajuda a ambientar melancolia ao roteiro. As cores só surgem numa cena com peixes (uma linda metáfora que o diretor tira da cartola no fim) e outros animais numa loja pet. Fique de olho nessa cena. O elenco também é de primeira: Além de Dillon e Rourke, temos NIcolas Cage, Laurence Fishburne, Dennis Hopper (o pai), Chris Penn (Falecido irmão de Sean Penn), Diane Lane (a namorada), além de Tom Waits e a filha de Coppola, Sofia. Todos bem novos e dando boa contribuição. A relação entre os irmãos é algo parecido com "Vidas Amargas" - clássico com James Dean. A própria vibração (depressiva) de Rourke lembra bastante. Um rebelde triste, atormentado e sem esperança. O que diferencia é a ausência do complexo de Édipo e a rivalidade. É mais uma idolatria e parceria perigosa. Mais dois detalhes saltam a luz... A trilha é toda do baterista Stewart Copeland (The Police). O músico estraçalha nas composições. Engana-se quem for procurar o ska, reggae ou similar nas músicas. Copeland apresenta-nos um lado obscuro, taciturno e climático. Eu corri para baixar algumas ali. É perfeita a simbiose da atmosfera musical com o filme. Magistral. Impossível não embarcar no clima.
O outro detalhe é menos importante, contudo não deixa de ser curioso. Só percebi, obviamente, ao fim. Em todos os sites, buscas ou locais sobre a sétima arte não tem... Só se você observar nos créditos finais, nome a nome... O ator Laurence Fishburne assinava "Larry Fishburne". Tive o cuidado em voltar algumas vezes para confirmar. Pois é... Como ele está bem magro e novo no filme eu tive dúvidas. Nos créditos eu observei seu nome, mas com essa distinção. Curioso, né?
Acrescentando aí uma tendência também: Coppola também adaptou outra história da escritora (S. E. Hinton) em seu "Vidas Sem Rumo" (The Outsiders) no mesmo ano e com atores idem: Matt Dillon, Diane Lane, Tom Waits... A escritora participa de ambos, em papéis discretos, mas pontuais.
Se você não viu esse filme, veja. Se viste há tempos, repita. Vale a pena. Um clássico de Coppola. Diferente de outros dele, claro. Mas, é muito bacana!
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