sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Pauta de Hoje: Leonard Cohen (disco), Escola sem Partido?, 10 discos, Tracks, etc... RIP.


Infelizmente fui informado de que Leonard Cohen falecera ontem, quinta-feira (10) em Los Angeles. Confesso que faltam-me palavras e a garganta segue com um nó imane. Já emocionei-me, já ouvi canções, lacrimejei de novo, reli alguns poemas deles de uns livros que tenho do poeta... Enfim... Estou no processo de digestão de sua morte. Por uma infeliz coincidência deixei pronta uma leve resenha de seu último álbum (abaixo) e fiquei pensando se deixava ou não. Apaguei, restaurei, apaguei mais uma vez,e por fim, restaurei novamente. Era assim que estava - e por que não - deixá-la? Lerás que foi escrita sem a menor ciência de que ele viria a falecer. Ugh! Cohen ajudou-me a gostar mais e mais de poesias, letras e temas sombrios. Tenho na minha memória a primeira audição de um disco dele numa tarde nublada em casa. "Songs Of Love And Hate" rolava e eu emudecia. Meu avô - que não gostava de nada do universo pop (ou derivados) aprovou Leonard Cohen. Mostrei "Master Song" para ele. Depois "Winter Lady". A aprovação do meu avô apenas ratificou o que eu já sabia: era um gênio! Ontem - morreu um pedaço enorme de mim. É assim com as pessoas sensíveis à música. Um parente (nada sanguíneo) que vai-se... Ainda vai demorar para cair a ficha. Um dos poucos presentes que eu ainda queria era assistir a um show do bardo. Não vai acontecer. Pobre, Léo. Brrrr... Entretanto, sei que Cohen viveu intensamente e foi o melhor que pôde. Quem conhece sua trajetória sabe também. Que os filhos, Adam e Lorca, confortem-se e honre seu pai. O mundo perdeu mais poesia - fiquem certos disso. RIP.  

Segue abaixo a crítica, no original...

LEONARD COHEN

O mais novo trabalho do mestre Cohen encantou boa parte da crítica. Pudera... O bardo canadense está de volta com mais um disco envolvente, sombrio e austero. "You Want It Darker" foi feito e produzido em sua casa e por seu filho: Adam. Depois de cinco anos de excursão com o intuito explícito de arrecadar dinheiro, pois sua ex-empresária meteu a mão em suas finanças e deixou-o quase quebrado, Cohen recuperou o fôlego e lançou seu décimo-quarto trabalho. Empolgado com o prêmio de seu colega Dylan - Cohen confessou à imprensa que "espera pela morte"... Muito mais do que a espera de quem adoecera. Na verdade: a paz de quem sabe que fez muito e que tudo na vida tem começo, meio e fim. Cohen apenas confirmou que está pleno. E a julgar pelo disco eu concordo. Destacaria "You Want it darker" (uma voz penetrante com um trailer sinistro), "It Seemed The Better Way" (Climática e absurdamente linda), "Steer Your Way" (encaixa em qualquer trabalho dele. E isso é um grande elogio) e "Traveling Light" (flamencos, violinos e uma atmosfera que só ele sabe dar). São nove canções num total de trinta e sete minutos. O barítono está de volta com todo ar misterioso, lúgubre e feroz. E acompanhado de metais, cordas, cellos e uma boa banda. Eu já encomendei meu CD físico. Trata-se de mais um ótimo trabalho do judeu monge! Vida longa!

https://www.youtube.com/watch?v=0nyMrjGX2vk




ESCOLA SEM PARTIDO

Esse é um dos temas mais estranhos na minha opinião. Juro. Eu observo, leio e fico atento aos docentes de plantão na tentativa de entender, realmente, do que trata-se. Porque veja (leia) bem: quando fala-se de "sem partido", o que de fato está em jogo é a matéria história, certo? Vá lá: geografia. Somente. Ninguém discute matemática, português, física, química, ciências (biologia, etc) ou artes. O negócio é o raio da história. Justamente - o que será dado em aula. "Como" serão dados em aula os acontecimentos políticos... De que modo os docentes mencionarão fatos políticos sobre Collor, Sarney, FHC e Lula... Em miúdos: tomar-se-ão partidos ou não. Serão chamados de heróis ou vilões? Não é isso? Isso tudo eu entendi de prima. Mas, alguém acha mesmo que os conteúdos programáticos dos colégios são previamente examinados e orientados por um comitê censor? É disso que estamos falando? Somente desse modo eu entendo tamanha preocupação... Não lembro-me dos meus professores de história influenciar a turma com suas opiniões políticas. Sinceramente. Mais: de que modo a Revolução Russa foi apresentada nas escolas nos últimos cinqüenta anos? Ou como Joaquim José da Silva Xavier, vulgo Tiradentes, foi mostrado em salas de aula? Ou Dom Pedro I? Ou Getúlio Vargas? Não lembro-me de nenhum professor maquiando tais passagens... Agora; é inocente demais achar que a opinião (ou sentimento) do docente não estará presente. O cara é humano. Todo aluno já teve esse "insight" em sala. Claro. Mas, estabelecer o que será dado e como será dado é muito estranho. Não sei se fiz-me entender. Não consigo defender isso ou aquilo. Acho controverso demais. O aluno precisa saber pensar. E chegar ao seu "próprio" senso crítico. Pensar por si mesmo. Não tem muito para onde correr. Melhor do que isso (sem ou com partido) é qualificar o ensino, remunerar de forma decente o professor e transformar o ambiente escolar em local de pensamento. Então - quando o aluno chegar a 2016 em seu livro saberá que a Dilma foi destituída do cargo de presidente. E por quê? Depende de que lado estejas... Depende de como enxergas "política"... Bem simples, não?

DEZ DISCOS

Volta e meia alguém pergunta-me sobre discos relevantes nos últimos tempos... Ou nos vinte últimos anos... Algo extremamente difícil e variável... Definir por quê e como esses ou aqueles discos são relevantes ao contrário dos que ficam de fora... Oxe. É relativo e polêmico. Mas, eu tenho algumas teorias e "feeling" para definir certos trabalhos. Ao menos - pro meu gosto e sentimento. Vou elencar aqui dez deles, porém já adianto que existem mais cem desses por aí, ok? Não são os dez mais. São apenas DEZ discos beeeem importantes e que, do meu ponto de vista, faz-se necessário ter. Ou ouvir.

- "Blowout Comb" (Digable Planet - 1994)
- "Blue Lines" (Massive Attack - 1991)
- "Metal Box" (PIL - 1980)
- "Tago Mago" (CAN - 1971)
- "Disraeli Gears" (Cream - 1967)
- "Are You Experienced?" (Hendrix - 1967)
- "Raising Hell" (RUN DMC - 1986)
- "Murmur" (REM - 1983)
- "London Calling" (The Clash - 1979)
- "Songs Of Love & Hate" (Leonard Cohen - 1971)

Mas, não tem Beatles, Stones, Led Zeppelin, Beach Boys, Kinks, Smiths, Cure, Joy Division, Echo, Velvet, Dylan, Jam, Gang of Four, etc...? Hahahaha... Tem tudo isso e muito mais... Eu disse que eram dez discos... Somente... Eu chuto que eu devo ter "de coração" mesmo uns quinhentos a mil discos que eu amo. Amo mesmo. De rolar e escutar inteirinho... Mas, não rola de escrever aqui... Complica...

TRACKLIST

The Stranger Song (Leonard Cohen)
Iodine (Leonard Cohen)
Suzanne (Leonard Cohen)
Famous Blue Raincoat (Leonard Cohen)
Hallellujah (Leonard Cohen)
Take This Waltz (Leonard Cohen)
So Long, Marianne (Leonard Cohen)
Dance Me To The End of Love (Leonard Cohen)


"... To laugh and cry and cry and laugh about it all again ..."

Chiuf.