RUN DMC
Em 2005 eu já tinha escrito sobre a banda de hip hop ou rap (gosto mais desse termo) coincidindo com os vinte anos do "King Of Rock" - segundo trabalho deles. Deixei passar o disco de estreia, "Run Dmc" de 84. Ambos são um colírio para os fãs do gênero. Mais dez anos se passaram e cá estou diante de trinta anos do mesmo disco. Sou sempre associado quando o assunto é música ao rock. Natural... Tenho "Rocha" como um dos sobrenomes e brincam com o meu sobrenome de "Rock" (Rocha em inglês). Mas, sempre gosto de deixar claro que, mesmo tendo o gênero como predileto, eu curto música em geral. O que significa dizer que gosto de jazz, blues, samba, pop, eletrônico e seus sub-gêneros (Punk, pós-punk, indie, synth, trip hop, shoegazer, britpop, fusion, etc). São tantos que eu cometerei o crime de não citar tudo. Paciência... Voltando aos rapazes... Lá pelos idos dos anos oitenta fui acometido pela batida e poesia urbana do rap. Mesmo sabendo de Kurtis Blow, Grandmaster Flash ou Afrika Bambaataa e todo o freestyle e o miami bass já estava em andamento por Nova York toda, o RUN DMC foi o que mais me pegou. Herdeiros daquela cultura que surgia na década de setenta com o comportamento, o estilo (bonés, grafites e tênis), passando pelos "loops" e "Scratches" (ranhura dos vinis na batida do som) - tudo aquilo mexeu comigo. E, devo ao trio essa fissura. Rapidamente adquiri os quatro primeiros álbuns e que eu considero a nata deles. Era rock, era rap, era atitude, moda, pegada mesmo. O som recheado de scratches com guitarras cada vez mais pulsava em mim. Três negões com cordões de ouro pesado, vestidos de preto e tênis Adidas (batizaram inclusive até uma canção: "My Adidas"). E eles usavam também um chapéu (não era boné) clássico preto. Era uma atração completa. E os trabalhos eram, de fato, muito bom. Rap da melhor qualidade com guitarras sampleadas e peso. Um som que ajudou a transformar o som de um gueto em hip hop. De Queens (clima pesado das gangues) para o mundo. Genial. Irão passar mais vinte, trinta anos e eu garanto: podes colocar um som clássico deles num ambiente e não haverá uma alma incólume a batida. Constatei isso no único show que eu fui deles no Rio de Janeiro e mais da metade do público conhecia muito pouco. Bastaram duas músicas e o pessoal em peso veio abaixo! Os caras transformaram tudo num pavilhão de rap. Mesma formação: Dois MCs e um DJ comandando tudo para delírio de uma molecada vibrante sem saber como tudo começou. Eu me empolgava e percebia a alegria estampada em todos. Ninguém resistiu. Pulavam, imitavam, cantavam e observavam os traquejos dos caras. As caixas de som reverberavam aquele "bass"... Aquilo retumbava no corpo e produzia uma energia inexplicável. Era pulsante MESMO. Foi um showzaaaaaaço! Valeu cada centavo (nem me lembro quanto paguei). Só para constar - foi uma explosão de sons: "Rock the House", "King Of Rock", "Peter Piper", "Jam-Master Jammin'", "Walk This Way", "It's Tricky", "You'll Be Illin", "Run's House", "Mary, Mary", "Dumb Girl", "It's Like That", "Miss Elaine" e "King Of Rock" para deixar como exemplo... Imagine? Pois é...
E o álbum? Rsrsrs... Me empolguei... King Of Rock faz trinta anos e fica cada vez mais moderno. Obviamente escutei-o enquanto escrevia. A perna direita balançava... Rsrsrsrs... É automático. O disco é um marco. A começar pelo título: encaixa plenamente na proposta do som. Rap com rock. Hoje pode ser algo bem comum, mas estamos falando de trinta anos atrás... Rap era rap, rock era rock. Esse flerte é que foi a sacada do trio. Graças a esse trabalho eles apareceram e fizeram muito barulho. Foi o embrião para o que viria a seguir: "Raising Hell" - aonde o mundo veria um rocker como Steven Tyler (Aerosmith) juntar-se ao rap e produzir "Walk This Way". Pronto. Todos piraram. A mídia, sobretudo... Era uma enorme mudança no mundo da música. A democracia do hip hop. Obviamente que o Public Enemy andava junto, porém não é dia de falar sobre Flavor Flav (e seu "pequeno" relógio de pescoço) por ora... Esse foi o disco que permitiu toda essa mudança. Há nele rap de raiz, reggae, ragtime, dub, hip hop e tudo mais que você conseguir pensar em som black de periferia. A partir desse trabalho surgiria outros três rapazes muito importantes que colaboravam timidamente e tempos depois fariam muito sucesso: Beastie Boys! Um dos padrinhos deles foi Run Simmons (o RUN) - irmão do produtor Russell Simmons, co-chefe da Def Jam Recordings - somente a gravadora responsável pelo hip hop mundial. De Ice-T a Snoopy Dogg. Só não posso findar com "vida longa" ao grupo, pois Jam Master Jay faleceu. Porém, digo "vida longa" ao som e ao legado que eles deixaram! It's like that!!!!
NEWS
- O Festival Varilux de Cinema (anunciado semana retrasada aqui) começa amanhã aqui no Rio. Em Sampa já estreia hoje mesmo. A Mostra rodará 50 cidades brasileiras e trará 16 filmes franceses. Quinze deles, inédito no país. No Rio de Janeiro treze salas estarão a disposição. Reinam as comédias entre as películas. Corra para verificar o circuito!!! Termina dia 17 próximo.
- Falando em França... Começa hoje (10) uma Mostra de Pierre Fatumbi Verger (fotógrafo e etnólogo franco-brasileiro) com imagens da cidade carioca. Aos olhos do artista são 15 imagens de um Rio antigo. Está na Aliança Francesa em Botafogo.
- Perdi meu tempo vendo "Unfinished Business" com Vince Vaugh e Dave Franco (irmão de James Franco). O que eu achava tratar-se de um filme leve e tranquilo transformou-se numa tremenda furada. Roteiro bobo, final hiper previsível e insosso. Terrível. A impressão que eu tive é que o filme foi feito "nas coxas" para cumprir algum contrato ou meta. Francamente... Bonequinho roncava desesperadamente.
- Dado curioso do IBGE, porém relevante: segundo o Instituto as famílias brasileiras já têm mais cães (especificamente) do que crianças...! Hmmm... O que você acha?
TRACKLIST
Dumb Girl (RUN DMC)
Peter Piper (RUN DMC)
Miss Elaine (RUN DMC)
Run's House (RUN DMC)
It's Tricky (RUN DMC)
Beats to the Rhyme (RUN DMC)
PEOPLE HAVE THE POWER
CLIC.