domingo, 21 de fevereiro de 2016

Pauta EXTRA: Rolling Stones (2016) - Maracanã - Olé Tour


ROLLING STONES - OLÉ TOUR

"... I can't get no ..." Mick Jagger gritava para as milhares de pessoas no gigante estádio carioca. E o riff embalou até o fim do show... A banda entrou às 21:52hs, vinte e dois minutos de atraso, e encerrou com o clássico mor às 00:15hs (tudo bem que o relógio foi atrasado devido ao término do horário de verão - voltando para às 23:15hs) para deleite dos mais de 65 mil presentes (números oficiais da organização) ao estádio do Maracanã. Estava terminado o show! E que show!!!!! Duas horas e vinte e três minutos de muito som. Ninguém consegue explicar como uma banda com seus integrantes principais na faixa dos setenta anos conseguem permanecer esse tempo no palco. Eu arriscaria duas coisas: Rock na veia e benção divina. Se tem algo que eles nasceram pra fazer é música. E palco. Muito palco. Vi muita gente nova entregando os pontos ao fim do show e os "velhinhos" firmes e fortes. Detalhe: os caras estão há mais 50 anos nesse negócio. Não é para qualquer um... Outra coisa que me chama muita atenção é a magia e a sorte de presenciar uma parceria sublime chamada Jagger-Richards. Pare para pensar em quantas duplas temos na história da música moderna com essa maestria e longevidade...? Tivemos inúmeras, certo? Mas, por quanto tempo? Dez, vinte anos? Talvez resida aí o segredo dessa força toda: tesão! Keith Richards adora o que faz (para mim é o que mais sente prazer na banda) e executa com uma alegria natural. Decerto que ele não movimenta-se muito como o Jagger, porém parece divertir-se muito mais do que qualquer um. É nato. Jagger também, claro. A missão dele é mais hercúlea. O cara é o frontman de uma das maiores bandas de rock do mundo e é quem ciceronea a platéia. É o mestre de cerimônia da turma. Ele é o dínamo do RS (permitam-me abreviar) e quem comanda o show. Suas requebradas, molejo, danças, palmas, voz e performance em geral ditam a "vibe" do show. E da platéia. Falando nisso... Esse é outro ponto positivo dos Stones. Dificilmente ouviu-se falar em ciúmes ou inveja de qualquer trabalho solo dos integrantes. Jagger lançou discos, Keith Também, Ron e Charlie idem. E tudo sempre esteve bem. É ou não é do cacete? A indústria musical gera muita vaidade, muito dinheiro e trairagem... E o RS passou por tudo isso. Dos anos sessenta até a presente data. Não há nada nessa indústria que eles não tenham visto. Certo? Pois é... Todos esses aspectos fazem deles o que são. Música! Música! Obviamente que toda a produção ajuda e banca a estrutura, a iluminação, o cenário, a mesa de som, o gráfico do show nos telões, etc... Tudo de primeira linha. É show... Show! Isso você pode esperar sempre deles: um show. Seja você um profundo conhecedor, um fã apenas, um discreto admirador ou até mesmo um alienado em Stones. Não importa. Se você entrou no show irá divertir-se muito. E contagiar-se com que verás. É qualidade e pé embaixo... 



(Mimo da cervejaria patrocinadora do evento)

A banda de apoio também deu um show, sobretudo na hora em que Mick foi dar um giro e Keith Richards assumiu vocais e passou a comandar o show. Muito aplaudido (muito), o guitarrista empunhou seu violão e seguiu mandando ver. Com ele a banda de apoio destacou-se mais. As backing vocals, os sopros, percussão, teclados, etc... Todos músicos de primeiríssima linhagem. Pudera, né? Keith cantou duas canções: "You Got the Silver" e "Before They Make me Run" acompanhado de Ron Wood (o mais novo da banda com 68 anos). Ficou muito a vontade e curtiu demais. Benzido no blues, Keith segue trabalhando com diversos músicos de blues estrada afora. E, tem ótima voz também. 



(Por volta de 19:00hs... Antes do show do Ultraje A Rigor)

Falando em Ultraje a Rigor... O show deles foi ok. Nada demais... Executaram durante 60 minutos diversos hits, sobretudo os mais "políticos"... Como "Inútil", "Filha da P...", "Nós Vamos Invadir Sua Praia", "Mim Quer Tocar" e outras como "Sexo", "Pelado" e "Marylou". Não tinha como ser ruim... Jogo ganho. Porém, Roger (vocalista) aproveitou o ensejo para reclamar e proferir suas posições políticas à plateia. Foi ignorado. Também ficou puto com o tratamento dispensado da produção dos Stones para com eles. Bom... Isso não é a primeira vez que acontece (o IRA! mesmo deu um beiço por esse motivo no RIR e o próprio irmão de Roger deu um soco num dos caras da equipe de Peter Gabriel recentemente). Temos que separar duas coisas aí: a posição política do Roger (que eu discordo veemente) e o tratamento às bandas nacionais. Estamos em solo brasileiro. Quem manda somos nós. Parar com essa idiotice de arregar para gringo. Então é melhor não ter porra alguma de abertura. Traz uns zé ruelas gringos mesmo. Vergonha na cara! Culhão, porra! Do seguinte tipo: Ok. Vamos dar-te todo suporte, mas terá uma banda nacional e quero qualidade. Os caras são músicos daqui e o respeito é "sine qua non"... Reto assim... Caso contrário nem chamo. Isso aqui é negócio? Então vamos começar a trabalhar direito nessa porra, ok? É isso... Desculpem-me pelos palavrões, mas é que eu fico muito irritado com gente bunda mole. O povo brasileiro não ficará melhor com show dos Stones... Isso não paga escola, hospitais, segurança e educação. Isso é entretenimento. E só. Captou? Pois então...

SET LIST DOS STONES

Start Me Up 
It’s Only Rock ‘n’ Roll (But I Like It) 
Tumbling Dice 
Out of Control 
Like a Rolling Stone (Bob Dylan) (após resultado de enquete online) 
Doom and Gloom 
Angie 
Paint It Black 
Honky Tonk Women 
You Got the Silver (Keith Richards nos vocais) 
Before They Make Me Run (Keith Richards nos vocais) 
Midnight Rambler 
Miss You 
Gimme Shelter 
Brown Sugar 
Sympathy for the Devil 
Jumpin’ Jack Flash 

Bis: 

You Can’t Always Get What You Want (com o Coral da PUC-Rio) 
(I Can’t Get No) Satisfaction


Ron Wood, a guitarra base, irmão de Rod Stewart, faz bem o papel de coadjuvante de Ketih. Não que isso seja menor. Ao contrário, é ele quem trabalha muito para Richards solar e brincar. Sem Ron, Keith seria tolhido de diversos solos e brindes harmônicos. Imagine? Pois é. Prefiro nem imaginar... Não menos importante, Charlie Watts, o baterista fina estampa. Do alto dos seus 74 anos desfilou elegância na bateria e o seu jeito indefectível de suavizar as baquetas. Watts é de um requinte ímpar. Tocando ou conversando. Manja aqueles britânicos elegantes e polidos? Charlie é assim. Termina um show numa cidade quente (como o Rio) suado, claro, mas como se tivesse fechado um relatório gerencial num banco ou escritório. Extremamente profissional e preciso. Impressionante. Sou um fã dele. Um verdadeiro cavalheiro britânico. 

MISS YOU



SATISFACTION


Perdoem-me a "crueza" na qualidade dos vídeos, porém esse estava munido de um celular chinfrim, mas que me acompanha sempre. O que vale é a intenção. Rsrsrsrs... E eu também não vou pagar direitos pra ninguém...Rsrsrsrs... Não preciso. Está tudo comigo e na minha mente... Certo?

A banda parte agora para Sampa (nos dias 24 e 27 de fevereiro) e Porto Alegre (em 2 de março) finalizando sua passagem pelo Brasil. Uau! É isso, fellows! Se cuidem...

PRÓS

1) Apesar de bastante lotado, o metrô conseguiu suportar a carga. Na ida a rapaziada colaborou e todo mundo chegou mais relaxado. Ao menos quem se antecipou e chegou até 21 hs...

2) Segurança total. Não soube (até o momento) de nada que tenha gerado tensão... Brigas, furtos ou assaltos. Foi bem civilizado o antes, o durante e o depois.

3) Comida: não tinha muita opção, mas dava para se virar com sandubas ou hot dogs assim. Não era uma feira gastronômica. Supriu a rapaziada. 

4) Palco dos Stones: tudo na medida para a banda. Até porque vacilaram demais (a equipe e o estádio) com o palco antes do show principal e no momento do Ultraje a Rigor

5) Trânsito: como muita gente optou pelo transporte público, os carros trafegaram bem antes do espetáculo, e tiveram poucos problemas para deixar o estádio depois. A Prefeitura havia fechado algumas ruas e alterado o trânsito para a melhor circulação dos pedestres.

CONTRAS

1) Uma vergonha o estádio do Maracanã não ter capacidade para conter a chuva. Já mencionei sobre a cobertura retrátil (a grana que desviaram daria para colocar) e o tempo. Resultado: palco alagado, equipe passando rodos e vassouras no palco, parte coberta também alagou e ficou feio. Os banheiros estavam limpos, mas não tinha como resistir com tanta gente molhada e com lama nos pés.

2) Desinformação do pessoal nas cadeiras, sobretudo as cativas. Houve a informação de que não precisaria de lugar marcado (mesmo sendo cativa) na entrada das cadeiras. Contudo, houve alguns desentendimentos com as pessoas que faziam questão de sentar no seu lugar. Quer dizer: o direito é legítimo, mas e aí? Mudaria-se centenas de pessoas em efeito dominó? 

3) Atraso de vinte minutos para o show dos Stones. O Ultraje saiu com uma hora de espaço. Tempo de sobra para qualquer coisa. 

4) Bebidas de cartel: só Pepsi, Budweiser (única opção alcoólica) e água. Preços fixados e sem chance de economizar. Ou tomava-se Budweiser ou nada mais. Cerveja única. 

5) Limpeza no banheiro feminino. Essa me confidenciaram... E, não era pelo pessoal da limpeza não. Eram as mocinhas mesmo que faltaram a aula de educação e higiene. Porquinhas de plantão. Eita!!!!


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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Pauta de Hoje: Scandurra, Vinyl (piloto - Serie), Ray-ban, Domínio Público, tracks etc...


EDGARD SCANDURRA

Tava devendo essa... Faz tempo... Todos sabem do meu apreço por sua banda (tiveram outras, mas é da "sigla" mesmo que me refiro), porém tenho empatia com esse. Edgard. Sr. Scandurra. De muitos músicos que aprecio, Scandurra é um dos meus prediletos. Sejam seus "riffs", sua voz ou suas melodias. Um sujeito que sempre olhou pra frente e teve como característica principal a inquietude. Algo básico em qualquer artista. Esse mês, no dia 5, Edgard completou 54 anos de vida (Lembram? Ele "nasceu em 62"). Isso me trouxe muitas memórias de volta... Seu primeiro disco, "Amigos Invisíveis" (89), meninas que gostei, coisas que fiz... Tudo isso vem com certas melodias de Edgard. E é lindo lembrar disso... Como esquecer de "Tarde Vazia" ou "Tolices"? Puberdade e energia total. A primeira vez... Ou o primeiro amor (???). Lembrar de "Boneca de Cera", "Flores em Você"... Desse disco solo mesmo... "Abraços e Brigas" (como eu cantei esse som na minha cabeça). "Vou me Entregar como Nunca" ou "Culto de Amor". "Minha Mente ainda é a Mesma" ou "Amor em BD"... Lindas canções oriundas da mente desse genial compositor e guitarrista. Scandurra saca isso e muito mais... Nesse citado disco ele gravou TODOS os instrumentos. E o resultado é fantástico. Eu poderia ficar citando sua fase com o "Smack", "Voluntários da Pátria" ou com "As Mercenárias"... Seria pouco. Muitas bandas e inúmeras parcerias e composições espalhadas por essa imensa carreira. O próprio IRA!. Somente por tal banda ele teria um espaço na nossa cultura. Mas, esse braço canhoto fez muita coisa além... E não para. Segue reinventando-se e fazendo som. É um dínamo. Impressionante. Vou contar uma história particular acontecida anos e anos atrás. Lembrei dela quando pensei no aniversário dele... Eu estava na praia... O ano devia ser 90 ou 91... Não me lembro. Um amigo estava triste, pois havia levado um pé na bunda. Tínhamos acabado de ver uma performance do IRA! O fato de gostarmos da banda uniu-nos. Me lembro disso... Ele (meu amigo) tocava guitarra. O show distraiu-o bastante. Fato. Imagine? IRA! nessa época? Só hits... Era um atrás do outro. Foi do cacete!!!! Porém, depois caminhamos mais para o mar e sentamos. A tristeza bateu mais uma vez nele... O show estava todo desarmado, praticamente. De frente pro mar... Ondas batendo... Aquela tarde caindo... Tava um climão mesmo. De repente, fitei meu amigo olhando pro lado e com um sorriso aberto... Me virei e percebi que a banda estava dispersa e Scandurra veio para um mergulho... Um famoso "tchibum". Classe... Olhamos ao mesmo tempo e fizemos um sinal de "ok". Do tipo: belo show, man! Ele se aproximou e nos olhou... Perguntou se estava tudo bem e eu disse a verdade. Rsrsrsrs... Fui indelicado. Admito. Meu amigo disfarçou e disse que era fã dele. E que tocava guitarra. Edgard olhou para o backstage e disse: Segura um minuto aí... Qdo voltou... Deu ao meu amigo uma das palhetas que tinha usado. E disse: Isso passa. O importante é o sentimento. Meu amigo ficou paralisado. Um misto de surpresa e alegria juvenil. Fiquei tocado com tudo aquilo... Para o Scandurra foi algo bem normal... Mas, meu amigo ficou tão leve, tão contente que valeu tudo à pena... Foi um lindo desfecho. Algo que somente a música proporciona. E, passaram 15, 20, 25 anos talvez... E cá estou contando, de novo, a mesma história. É isso! O importante é o sentimento! Parabéns, Scandurra!


VINYL

A HBO liberou o piloto da série. Foram duas horas de filme. Quem ainda não viu - está no youtube. Vale à pena. É divertido, entretém e tem uma pegada rock pauleira. E, tudo começa nos anos setenta. Um executivo de uma grande gravadora com a corda no pescoço. A louca Nova York daqueles tempos fervia em diversos ritmos. E, ele precisava de um sucesso. Algo novo. "Business" mesmo. Não vou dar um "spoiler" aqui, pois é bobagem... Qualquer pessoa que tirar 120 minutos do seu tempo emitirá uma opinião. O que eu posso falar é que gostei do roteiro de Terence Winter (apesar de um pouco batido), da fotografia, e sobretudo do som. Dos dois sons... Da trilha e da mixagem de som... Sim... Eu vi com fones de ouvido. O áudio da série é muito bom. Envolvente e poderoso. Para quem curte música e história é um prato cheio. Alguns detalhes também me emocionaram... Como os vinis tocando... A emoção de escutar um disco. Ou a emoção das pessoas com as novidades musicais (bem longe desse deserto de hoje) e a conexão toda. Longe dessa rapaziada de cabeça baixa mexendo em celulares. Tempos que a presença era fundamental. Tinha que estar lá. Tudo isso ficou bem evidente nesse piloto. Muito bom. Vale a pena conferir. Scorsese e Jagger acertaram a mão, de novo. Mas, fica fácil também... Viveram a época. Rsrsrs...


NEWS

- A canção "Happy Birthday" (parabéns pra você - em inglês) passará a ser domínio público. Sim. A Warner, detentora dos direitos, lucrava dois milhões de dólares ao ano com ela. Yeahhhh!

- Foi no dia 18 de fevereiro de 1564 que morreu o pintor Michelângelo. Seu sobrenome era Buonarroti. O autor da pintura nos afrescos da Capela Cistina.

- No ano que vem - um clássico completará 80 anos: O ray-ban (banir raios). Os óculos de aviadores entraram para o gosto pessoal anos depois. Mas, o ano do lançamento foi 1937. Oito anos após o maior rival: Foster Grant

- Conforme eu já disse: irei ver os Stones... Mimo de uma amiga. Semana que vem eu conto como foi a experiência e a performance dos velhotes... 

TRACKLIST

Abraços & Brigas (Edgard Scandurra)
Amor em BD (Edgard Scandurra)
Culto de Amor (Edgard Scandurra)
Estamos Nesse Trem (Edgard Scandurra)
Vou me entregar Como Nunca (Edgard Scandurra)


Keith...

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Pauta de Hoje: The Danish Girl, Os Afro Sambas, News, Censura (Tribunal de Idiotas), Michael Moore e mais...


A GAROTA DINAMARQUESA

Lançado como "The Danish Girl" no exterior, o filme baseado no romance de David Ebershoff conta a história de um pintor, Einar Wegener, que sentia-se preso ao próprio corpo. Sua esposa também era pintora (Gerda Wegener) e pedia vez em quando para o seu cônjuge vestir uma meia calça (o termo não devia ser esse, mas...) ou pintar o rosto, ou até mesmo usar uma peruca quando não haviam amigas por perto no apartamento deles. Servir-se de modelo mesmo. Muito comum nos atelieres à época. As pinturas precisavam ser fiéis. Entre um "favor" e outro, Einar começa a sentir uma feminização. Percebe que seu corpo é masculino, porém seus desejos, sua cabeça e sensibilidade é bem feminina. Ora alguma no filme a palavra homossexualismo é explícita e o personagem central não sente-se atraído por homens. É o corpo que o deprime. Ele deseja ser uma mulher. Sua esposa estranha, mas passa a apoiar o marido. Essa história foi real, apesar de algumas alterações bruscas terem sido feitas. A crítica acusou isso. Havia uma erotização maior entre Gerda e Lilli (o nome que Einar passou a adotar como mulher). Para situar o leitor - estamos falando dos anos 20 para 30. Não havia nada parecido com transexuais ou travestis. Simplesmente era-se homem ou mulher. Mesmo os gays permaneciam fisicamente como homens. O desespero de Lili (Einar já como mulher) é enorme. Procura tratamentos psíquicos, medicinais, etc... Ele abdica de sua carreira e de sua existência, já que passa a viver como Lili. Até conhecerem um médico que afirma fazer tal operação e transformar Lili em mulher, de fato e carne. Bom... A partir daí é cinema... Sei que fui além da sinopse, e dei "spoiler", porém ninguém pode deixar de ver. É extremamente lírico, belo e angustiante. A frustração e impotência humana posta em exaustão. Questões polêmicas e morais postas à prova e despida. É um roteiro corajoso e muito bem dirigido. Fiquei imerso na trama. Tudo é colocado de maneira simples, mas objetiva. Sem apelos. Sem "lugar-comum". Absolutamente. Isso é que impressiona mais. Pois, se estivéssemos abordando tal assunto nesse século seria mais direto. Talvez escrachado. Contudo, estamos voltando quase cem anos atrás. É muita coisa. Freud já existia e ficaria fascinado com tal celeuma. Mesmo assim - o tema é tratado pela comunidade médica como "esquizofrenia", "perversão sexual" e "homossexualismo" simples. Mas, Lili segue com Gerda casados. Tornam-se um casal de mulheres. Os personagens são interpretados por Eddie Redmayne (fez "A Teoria de Tudo") mesmo quando "Lili" e Alicia Vikander (Hotell). Ambos estão sensacionais. Foram indicados para "melhor ator" e "melhor atriz-coadjuvante" respectivamente. Merecidos, sobretudo. Eddie faz um transexual incrível. É uma atuação magnífica e tocante. Impressiona. Se LeoDicaprio não estivesse no páreo era dele a estatueta. Uma composição de personagem e atuação rara. De lembrar velhos clássicos. O filme vai estrear no Brasil no dia 25 de fevereiro, três dias antes da cerimônia. Vamos aguardar o que a Academia irá dizer do filme. Recomendo muito. 


Veja o Trailer

https://www.youtube.com/watch?v=d88APYIGkjk

OS AFROS SAMBAS

Segundo disco da dupla Baden Powell e Vinicius de Moraes - esse clássico da MPB fez no dia 3 de janeiro cinquenta anos. Para quem não o conhece - este é simplesmente um trabalho que separa a música popular no país. O poetinha afirma que recebeu um disco de samba de roda da Bahia e resolveu junto com Powell adicionar aqueles elementos do candomblé e da umbanda. Entravam os atabaques e afoxés para misturarem-se aos agogôs e pandeiros. Os arranjos e regências de instrumentos de sopros e tal ficaram por conta do maestro Guerra Peixe. Além disso, o disco contou com os vocais das meninas do Quarteto em Cy. Ficou algo de uma musicalidade ímpar. É tudo da África para cá. Não há nada na Europa ou na América que assemelha-se a sonoridade desse álbum. Impressionante. A brilhante ideia dos dois resultou no maior disco de música nacional. Em diversos ângulos. Histórico, musical. técnico e autêntico... Claro que outros discos disputam igual importância, estou forçando um pouco a barra, porém é vital para o Tropicalismo que viria depois. Toda brasilidade do século XX e do século de hoje bebe, também, desse. Nesse mesmo ano (66) o jovem Chico Buarque lança seu primeiro disco (o da famosa capa com as duas fotos dele - uma alegre e outra séria). Ótimo, por sinal. Mas, não tenham dúvidas quanto a fundamentalidade dessa obra. Ecoa em "Acabou Chorare", "A Tropicália", "Mutantes" e até nos Secos & Molhados. Enquanto a Jovem Guarda preocupava-se em replicar o rock americano e Tom e João Gilberto serviam à bossa-nova - aqui a dupla supra citada revolucionava geral. No mundo, os Beach Boys lançavam o formidável "Pet Sounds" (disputa cabeça a cabeça a liderança de álbum de rock mais importante da história do gênero), os Beatles responderam com "Revolver" (menor do que o Pet Sounds, mas precursor do Sgt. Peppers), além de "Blonde On Blonde" de Dylan. Havia uma psicodelia no ar... Engana-se quem acha que "Os Afro Sambas" não desperta esse lado. Ah, sim. E muito. É uma viagem mística escutar esse disco. Até nisso a dupla ganhou pontos. Seus elementos reunidos produziam uma psicodelia bem brasileira. Não é lisérgico como os trabalhos estrangeiros, porém é ritualista e hipnótico. Um disco para ter-se em casa. Em vinil, cassete, CD ou Mp3... Não importa. Ah, sim... Citar quatro canções (preferência minha) das oito originais do disco: "Canto de Ossanha" (a mais importante do álbum), "Canto de Oxô", "Tempo de Amor" e "Canto de Iemanjá". Escute! Aproveite.


Ouça "Canto de Ossanha":

https://www.youtube.com/watch?v=B6445JAN5-M

NEWS

- O que dizer da ridícula proibição em comercializar a obra "Mein Kampf" chancelada pelo TJ-RJ? Hahahaha.... Um juiz (imbecil) achou por bem vetar qualquer ação das editoras cariocas. Censura explícita e a certeza de que existe um pensamento reacionário, hipócrita e demagogo dentro do sistema. Terrível essa notícia. Um retrocesso de um coletivo tácito e teimoso querendo estabelecer ordem e progresso através de ordens judiciais. Escroto. Quase um atestado de burrice. 

- Graças a uma amiga (Obrigado, Mari) minha irei ao show dos Rolling Stones. A turnê já começou e o set-list também já foi liberado. Agradou-me. Tem canções ali que não vi, ao vivo, nas duas vezes que assisti a um show deles. Vamos ver...

- O cineasta Michael Moore, enfim, deixou o hospital. Ele foi internado na sexta (5) por conta de uma pneumonia. Não citou o nome do local, mas fica em Nova York. Justamente por sua crítica ao sistema de saúde americano, Moore elogiou o tratamento e ficou satisfeito. Que bom... Rsrsrsrs...

- O diretor Tim Burton (foto) está no Brasil e assistiu aos desfiles de samba. Ficou encantado, claro. Mas, o que chamou-me a atenção foi o seu comentário acerca da Mostra que está em cartaz em Sampa: "... Se a ideia era entrar na minha cabeça, deu certo ..." Opa! E a gente agradece. Era o mote, né?



TRACKLIST

Dum Dum Girl (Talk Talk)
Talk Talk (Talk Talk)
Good Vibrations (The Beach Boys)
Barbara Ann (The Beach Boys)
She's Leaving Home (The Beatles)
Getting Better (The Beatles)


RIP.

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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Pauta de Hoje: Taxman, Youtube, John Lydon, Mortes, Off-Carnaval, News, Shows, Tracks

SONEGAÇÃO

Entrou em pauta o velho hábito de sonegar impostos... Eu digo velho, pois é antiga essa prática. Seja quem for. Políticos, empresários, jogadores de futebol, músicos, atores, personalidades. Em 99% das vezes são pessoas bem abastadas. Imagine um sujeito que não tem onde cair morto sonegando impostos? Difícil, né? O camarada mal tem a labuta e o "larjan"... Quiçá sonegar algo... Basta pensar. Veja (ou leia) que eu não mencionei ora alguma nenhuma dicotomia sobre caráter ou riqueza. Não acho proporcional e tampouco vejo motivos para relacioná-los. Mas, é fato que as pessoas envolvidas com essa questão do fisco têm dinheiro. Certo? Bom... Daí veio-me à cabeça a canção dos Beatles (que também sofreram com esse tipo de questão) "Taxman" - de George Harrison. No primeiro verso da música ela diz: "... Aqui está: um pra você e dezenove pra mim ..." A referência era clara... O tributo no Reino Unido para os "super ricos". Naquela época passavam dos 80%. Para ter-se uma ideia, hoje, no Reino Unido o tributo é de 95% em cima das fortunas de milionários. É mole? Isso mesmo que leste. Enfim... Os Stones mesmo, fugiram de lá para França na década de 70 por essa razão, o que ficou conhecido como "exílio fiscal"... Rsrsrsrs... Verdade! E, Gerard Depardieu? Outro que fugiu da França para Rússia por idêntico motivo recentemente... São inúmeros exemplos. Mas, todos têm o mesmo "escape"... Dinheiro! Simples. Seja cagada de um contador, desvio de caráter do confiscado ou tributos altos para enormes fortunas - todos querem proteger-se e cuidar do seu dinheiro. Talvez, você que me lê pense: É fácil... Ele não é rico. Pois sim, não sou mesmo. Longe disso. Porém, acho que o mundo caminha para essa estranha escala de valor... Tudo é dinheiro. Preciso disso, daquilo, daquilo mais... Preciso de dinheiro. Dinheiro. Troço de louco. O vil metal cada vez mais enfeitiçando os mais nobres e aqueles de estranhos caráteres... Sei lá. Para onde quer que eu olhe tem sempre alguém com problemas de dinheiro. E, todos tristes... Hmmmm... Acho que o problema inicia-se por aí... Muita concentração de renda e uma péssima distribuição. Recentemente, eu li que 1 ou 2% da fortuna é concentrada em meia dúzia aí. O resto somos nós. Que mundo estranho, não? "... Let me tell you how it will be. There's one for you, nineteen for me. Cos I'm the taxman, yeah, I'm the taxman ..."

Eis uma versão "ao vivo" com George e Eric Clapton:

https://www.youtube.com/watch?v=y8OgkjcW0g4


YOUTUBE

Essa vai para a mais famosa ferramenta do gênero, mas poderia ser para qualquer outra. Vou falar uma vez somente e espero ser entendido. Não me importa os direitos reservados, etc... Ok? Esse não é o cerne. A questão é a seguinte: se eu quero escutar uma p**** de uma canção - eu quero no original, a versão do disco. Isso mesmo. Do trabalho original. Estúdio. É difícil? Não quero ficar procurando-a, pois o "random" da ferramenta busca por aproximação ou "as mais pedidas"... Dane-se. Antes dela vem versões ao vivo, covers, montagens de vídeo e o escambáu. E nada da porra (falei...) do som original. Se eu quiser ouvir uma versão, um acústico, uma releitura do raio que parta deixe que eu sofistique minha busca. Acho que os responsáveis pela programação entendem isso, não? Quero ouvir a música original! Registraram? Porra! (de novo) Cada vez mais complicado mostrar algo para alguém ou somente ouvir a gênese do negócio. Da forma que saiu no estúdio, cacete... Parem de mexer com a arte sagrada da música. Já é um saco ter que esperar a publicidade no começo... Deixem a canção como foi digitada. Se eu quero "taxman" dos Beatles, por favor traga-a a versão do "Revolver". Simples... Foi o que aconteceu acima... Digitei e vieram tudo que se imagina, exceto a original do trabalho de 66. Acreditem. Façam o teste. Digite a canção citada. Esperem e verão... Porra! É por essas e outras que eu prefiro meu som, meus vinis, CDs e fitinhas. Ou canções que eu baixo mesmo. Se deixar na mão de quem só sabe falar e cagar dá nisso... Desculpem os baixos calões... 

NEWS

- Tá ficando chato e "deprê" esses obituários semanais... De fato, todo dia pessoas morrem. E em tempos como os de hoje, "realidade máxima", todo dia é notícia. E, na semana foram dois das artes: Jacques Rivette, um dos ícones da "nouvelle vague", aos 87 anos. E a ex- vocalista Signe Anderson, do Jefferson Airplane, aos 74 anos. O detalhe mórbido aí é que, nesse mesmo dia do ano passado (2015) faleceu Paul Kantner, ex-vocalista da banda também... Oxe! RIP.

- Mas, para subir o astral total... No último dia 31 de janeiro, o provocador mor britânico, John Lydon, completou 60 anos... Ééééé... Quem disse que era "No future"???? O homem está mais vivo do que nunca. O "The Guardian" publicou inúmeras fotos do rapaz. Parabéns a Johnny... Certamente faz muita diferença na música...



- Com a chegada do carnaval muita gente boa anda reclamando ou mesmo, difamando-o. Na realidade é um gasto de energia desnecessário. Aproveite, meu amigo (ou amiga) para atualizar-se com aquela série que gostas. Ou aquele livro que não tinhas tempo para ler (se bem que eu acho contraditório isso). Se preferir sair de casa - vá aos museus... Tem tanta exposição interessante na cidade. Está calor? Pegue um cinema... Tem belos filmes em cartaz. Não há desculpa. Nada melhor do que passar duas horas em frente ao telão da sétima arte com o ar condicionado "no grau" comendo uma pipoca. Não é isso? O "do itself" não ficou no punk; é para ser feito em qualquer situação e com sagacidade. Aproveite esses dias e fique em dia com a arte. Sacou? E não fala-se mais nisso.

- Essa é do cacete... Um museu foi construído a 15m de profundidade no fundo do mar. Nas Ilhas Canárias. Isso mesmo! "Fundo mar"... São estátuas feitas por um inglês. Claro que a pergunta mais natural é: como visita-se tal exposição? Hahahaha... Sim, sim... Com roupa de mergulho. Todo acessório pertinente. Bom, não deixa de ser algo inusitado e cool. Ahhh... As estátuas não poluem o meio ambiente (mar) e podem ficar aonde estão por trezentos anos... Uau!!

SHOWS

Dois shows agitam os próximos meses... Eu comentei nas redes sociais, mas faço questão de ratificar aqui... O Camisa de Vênus comemora 35 anos de carreira com um show no Distrito Federal. Será no NET Live dia 19 de fevereiro às 22 horas. Marcelo Nova e cia. (incluso seu filho) darão mostra dos clássicos e algumas surpresas. Boa! Outra banda (que eu adoro) é o Fellini. Cadão Volpato, Thomas Pappon e banda realizarão em Sampa shows em março e abril. Dia 26 de março (Z Carniceria), 2 de abril (SESC Belenzinho) e 7 de abril (CCSP). O som? Tocarão o clássico disco "Amor Louco". Na íntegra. Mas, farão extras e estão dispostos a atender pedidos... E aí? Vai perder?



TRACKLIST

Gotham City (Camisa de Vênus)
Deus, me dê grana (Camisa de Vênus)
Bete Morreu (Camisa de Vênus)
Chico Buarque Song (Fellini)
Love 'til the Morning (Fellini)
Clepsidra (Fellini)




HARE