domingo, 14 de setembro de 2025

Pauta de Hoje: A Última Gangue

 

Pauta de Hoje: A Última Gangue

O último da Última: Grand Finale!




Não parecia possível ser aquele o último show d'A Última Gangue! Definitivamente não era possível! Todos ainda tão vívidos e pulsantes, alegres eu diria, feito adolescentes que montam uma banda de rock no colégio naquele mesmo dia. Ninguém é mais adolescente, evidente, muito menos estão num colégio, mas eles tem uma banda de rock e das melhores, a começar pelo laureado "adolescente" Greco Blue, e repito, o melhor frontman do nosso underground carioca. Ele canta bem, performa como ninguém, rebola (com sua magreza branca e sua  cabeleira negra à lá Mick Jagger), dança, inferniza o palco, se joga na plateia. Enfim, um autêntico rocker man entre nós. Dá até pra desconfiar de que eles pisavam de fato pela última vez juntos nos palcos da cidade, tamanha a entrega. Eu até gritei pra banda que não acreditava neles! Uma provocação criativa que me surgiu na hora em que me despedia da Última Gangue.  




O local era dessa vez o estudio Hanói-Hanói, na rua Paulo Barreto, em Botafogo. Programada pra começar às 19h a noite se iniciara. Mas neste dado momento estávamos todos lá fora, principalmente os componentes das bandas, que também chegavam para a habitual resenha e o molhar dos bico e gogós nos bares ao redor. Foi Pietro, o incansável amigo e exímio vendedor de disco e agitador cultural que deu a ideia de já começar o trabalho fotografando este movimento pré-show, capturar imagens da galera interagindo descontraída e solta lá fora. Foi também nessa vibe que conheci um antiquíssimo amigo, outro rocker man da pesada de quem fiquei fã imediatamente que atende pela alcunha de Bolinho. O cara é fera e comanda a banda CONTRACLASSE, e que tem no vocal principal a doce (à doce) e endiabrada no palco, Mariana. Uma banda de Punk Rock como a muito não se via, com letras instigantes e postura idem. Me chamou atenção o meu novo-antigo amigo Bolinho, guitarrista dos bons, gritando versos à capela, longe do microfone para anunciar as canções (a maioria de sua autoria) e a banda atacar em seguida e ele voltar para o microfone fazendo um bom dueto com Mari. E ainda tinha a luxuosa companhia dos ótimos David na bateria e Leandro no baixo. Uma banda para se prestar atenção.

 





E abrindo a noite as moçoilas da Madame Salame: um power trio de meninas comportadas comandas pela paulistana, professora de história, Sra. Juliana Marques na bateria. Todas se revezando nos vocais, nos apresentando um indie delicioso com suas canções inteligentes e letras sobre pequenas agruras da vida; destaque para "Ellas" música da ex-banda (Tuíra) da baixista Hanna Halm e também "Enxaqueca", duas belas amostras para quem queira conhecer a banda, e ainda tinha a igualmente comportada Lety Lopes na guitarra. Disse comportada para alfinetar mesmo porque depois dali voamos para o "Calabouço" onde ela era simplesmente a líder de uma banda meio heavy (Lety faz estripulias vocais ao microfone com sua guitarra endiabrada na power band "Trash no Star"). Mas isso é uma outra história.






Voltando ao nosso enredo, a tão esperada atração da noite. A Última Gangue subia por "FIM" ao palco. Composta por Greco Blue, Xande Farias na guitarra, KaducarloX na bateria e Luiz Gustavo no baixo/voz. Plausível dizer que eles não deixaram pedra sobre pedra. Evento de público bom para todas as bandas considerando o tamanho do espaço (literalmente um studio preparado para show) que foi invadido por uma trupe de jovens sem preconceitos (se é que vcs me entendem) e fizeram da noite ainda mais bonita, pulando, cantando, dançando, inclusive fazendo "roda" e infernizando o lugar no melhor sentido do termo. Eles gritavam as letras desde o show da Contraclasse até a catarse no show da Gangue. Um delírio; comandado pela Gangue, instigado por Greco que tinha o público na mão como de costume, que ia desde os seus trejeitos à inversa invasão quando se jogando na plateia! Ele largava o microfone e ia dançar, pular, gritar com seus fãs juvenis que mais pareciam diabinhos enjaulados tamanha a fúria de êxtase e prazer pelo último show da Última Gangue, numa roda bastante animada e juvenil.  Petardos como "Uma canção para os ratos", que abriu o show (só depois soube que era de um banda chamada Sofia Pop); "Pirata de Paquetá" e "infernália" arrancavam coros ensandecidos da meninada que urgia pela continuidade da banda. O público também tinha o seu lado seleto, figurões como Marco Homobono, Guide Viera (pic-nic), Paumgartten, Alexandre Durratos, Pietro e Juhnior Luiz (no comando da mesa de som), entre outros marcaram presença numa noite pra lá de rock'n roll. Ainda teve um grande número chamado "Mejor no hablar" Cantada em espanhol que ainda assim contou com o coro da galera. Teve também "Algo ritmo" sucesso nas redes; o cover de "Más Companhias" da lendária banda Sex Beatles e ainda, fechando os trabalhos junto com "Ritual" (quase o bis), a apoteótica "Querida Superhist". Em Ritual que foi de fato a última canção eles esticaram no instrumental com Kadu esfolando a bateria em uma despedida  feroz que não deixava dúvidas da decisão da banda. Seria mesmo o fim? Como disse: não acredito neles! Muito embora eram uníssono à decisão - sem dizer de Xandee e Luis (guitarra e baixo) em grande atuação! Restava ao poderoso frontman, que a essa hora estava quase desnudo, comandando a massa e agradecer - e de certa forma deixar no ar - a pedido dos fãs que lamentavam o fim da banda - para além do gostinho de 'quero mais', dizer um "quem sabe?!"





Como eu disse: "Eu não acredito em vocês!" rs porque acredito demais! É vero. Um apoteótico fim?! Prefiro dizer, um apoteótico show! Apenas isso. O futuro, a quem pertence?!  Pois é! A última Gangue é a primeira na fila do Amanhã. Mas é o que temos pra hoje. Uma grande noite para guardar na memória!


Edição e Programação: Leozito Rocha

Fotos e Texto: Nem Queiroz

@Todos os direitos reservados