quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Pauta de Hoje: Nosunnydayz Convida

 

Pauta de Hoje: "Nosunnydayz Convida"

Num sábado 6/9/2025, com virada de tempo, o evento "Nosunnydayz Convida" não toma conhecimento e vira o jogo com 3 ótimos shows no Centro Cultural Diversa com um bom público presente. 




Eu já estava ansioso há uns três ou quatro meses atrás, talvez mais que isso, quando o Hugo Rosas, esse gentleman, me fez o convite para ser o DJ desse seu projeto NoSunnyDayz convida - projeto itinerante que roda a cidade a meses - juntando uma galera da pesada com sempre duas bandas convidadas e um dj, para abrilhantar a noite carioca.  "Ao final de 2025, terão sido 3 edições do NoSunnyDayz Convida. Todas no Centro Cultural Diversa, por entendermos, desde o ano passado / 2024 (quando fizemos nosso primeiro show por lá), que a Rua da Carioca (mais especificamente, o Diversa) poderia e deveria ser mais um endereço de referência para o underground carioca" - me disse o próprio Hugo Rosas.   E tem dado certo. Eu como sempre afoito, sem saber ainda como funcionava, já me prontificava sem pestanejar para ser o DJ fixo de todo o evento. Mas tive que me contentar com a minha data, que ainda longe de mim, me aguardaria pacientemente até chegar a hora. Hugo explicara que a ideia era de 'rodar a roda', dar oportunidade para o maior número possível de artistas. Argumento como este não tem como não concordar, né? Mas a data chegou, e posso dizer de cadeira do quanto valeu à pena esperar.

Programado para começar às 20h - com cronograma descrito - cheguei às 19h e já estavam todos lá passando o som. Fui montando meu equipamento com calma, selecionando os set que já estavam prontos há meses, mas que devo confessar que nunca os sigo como planejado, porque o DJ tem que sentir a pista, né? Já ia para mais de 20:30h e a galera começava a chegar de fato. As bandas já com o som passado dava o spoiler da noite, pois a passagem de todas as três bandas já tinha sido impecável. Nosunnydayz com  palhinha do acústico que abriria o seu show (e fecharia  noite), e depois com guitarras a postos e mais aquela tom que a vocalista tem, tornava a noite (que nos prometia uma chuvinha/garoa indesejável) ser mais quente que a monotonia de noites assim. Também daria o tom da noite a banda da baixada chamada "Samambaia Ornamental" quando testava o som e equipamentos com a surpreendente canção gravada por Júpiter Maçã, a singular "Um lugar do Caralho" (aliás aproveitei pra abrir a noite com ela - foi um sacada - uma ponte e tanta, hein?). Logo em seguida a passagem foi da Dedo de Bruxa com a formosa Simone Sas nos vocais. Assim, emendei a segunda, "Um monte de cerveja" do outro inesquecível, Celso Blues Boys para só depois adentrar no set há meses preparado com o mais puro rock'n roll. Mas isso já é uma outra história! (me perdoem a euforia, mas eu estava realmente eufórico. Uhuuu!!)

Passava um pouquinho das 21h quando a Dedo de Bruxa ocupou o palco de vez (na verdade nem existe o palco - as bandas tocam  no mesmo chão que pisa a plateia - o que a deixa bem mais próxima dos artistas que ali se apresentam) e, muito embora, quase sempre tímida, a plateia não se aprochega e fica aquele espaço indesejável entre o público e os artistas que se apresentam. Mas a Dedo de Bruxa não sofreu com isso. Entrou forte com Simone Sas parecendo uma adolescente de 15 anos de tão solta e feliz que estava. Nota-se uma evolução no seu vocal e na banda como um todo, o que me deixou bastante satisfeito porque torço por eles. A banda faz um pop enxuto com uma roupagem rock'n roll, embora o repertório seja bem equilibrado no sentido de todas as canções segurarem lá em cima o espetáculo; marcou-me bem a última canção, a mais rock'n roll de todas. Talvez seja por isso que tenha me chamado maior atenção: Por ser mais rock'n roll, mais pesada. Hehe!






Mais uma pausa para o DJ, mas logo em breve microfonias e ajustes no som para a banda seguinte invadir o espaço. Com um nome bem peculiar de Samambaia Ornamental, o power trio, que antes já havia me chamado atenção por passar o som com "Artista é o caralho", apenas manteve a boa impressão, um indie que inevitavelmente flertava com o pop e o rock, às vezes uma pitada de blues, nos traria um repertório interessante com letras inteligentes e um vocal que pela postura da voz e seu porte físico; me remeteu ao Chorão do Charlie Brown Jr. mas nada que desmerecesse o som original da banda. 







E por fim voltemos ao início. A anfitriã da noite (a mais esperada do evento) que teve afinal um bom público (graças a Deus) com a liderança do sempre competente e amigo Hugo Rosas, que sem mais delongas foi ao que de fato interessava: plugar os instrumentos e mandar ver. E pela primeira vez, nos agraciou com a ousadia de um set acústico inicial para uma banda tão potentemente heavy, com um dos melhores vocais feminino da cena, com agudos afinadíssimos que tanto caracteriza o gênero. Nina se sentia muito a vontade sentada, como os demais membros da banda (um quarteto de baixo - Rodrigo de Andrade; O poderoso Raul Fontenelle com sua super bateria de dois andares; na voz - Nina Pontes e na guitarra e violão - ninguém menos que Hugo Rosas) e surpreendeu com tanta harmonia e destreza. Nosunnydayz é uma das pouquíssimas bandas brasileiras  que cantam em inglês que eu admiro. Suas canções são deveras bem construídas, e a execução ao vivo melhor ainda. Nina Pontes conquista o público logo de cara, seu cartão de visita não deixa dúvida, é uma grande cantora.
Enquanto isso, ainda no set acústico, Hugo Rosas mostrava de fato que é um bom instrumentista, tocando com maestria o seu violão, acompanhado de baixo e bateria que não ficam para trás, ou seja: a ousadia do acústico funcionou muito bem, arrancando aplausos efusivos e elogios que ouvi depois. No fim desse set, o coletivo Rock Girls (trio de mulheres dedicadas a fomentar shows/produções de artistas no RJ) revezaram entre si a apresentar as bandas. Desta vez adentraram ao palco juntas para falar da produção do show. Foram convidadas para serem as "mestras de cerimônia" dessa edição E, funcionou; mas foram breves porque o Nosunnydayz já estava a postos para a continuidade do show. Só que desta vez elétrico! Então daí em diante foi catarse!






Som potente e irrepreensível, guitarra, baixo, bateria lá no alto, encontrando-se lá no alto com a voz igualmente irrepreensível de Nina Pontes. Gosto muito do título da primeira canção, que mostra a criatividade e inteligência da banda chamada "Meritrocrashit", nada mais atual. "No more lies" e "Metrópole" despertam os músculos e o vigor. "Jar" uma das que mais gosto (tanto que toquei no início do meu set) e "Take my money" fecham com chave de ouro a parte final do show que naturalmente foi efusivamente aplaudido no final. Parabéns à produção do evento, à NSDSZ pela coragem e disposição e especialmente a Hugo Rosas por ter me escalado como DJ para esta edição, testemunhar e fazer parte de tão agradável noite de rock'n roll. Háste la vista, muchachos! E vida longa ao rock'n'roll.






Edição e Revisão: Leozito Rocha
Fotos e Texto: Nem Queiroz

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