MATADOR
Novo disco de Gaz Coombes (ex? Supergrass) chega às lojas com boa recepção. As principais revistas e jornais dedicados ao pop dão em média sete a oito no disco. Somente a Pitchfork foi mais hermética e deu um seis. Elogio com muitas ressalvas. No "post" passado me antecipei e dei a impressão de uma baita audição e ótima crítica. Perdoem-me, mas falei demais... Estou ficando velho e ansioso... Acho que eu vou um pouco pela "Picth" e o The Guardian, sacou? Desde os discos mais recentes do Supergrass, Gaz apresenta uma maturidade notória. Compõe bem, tem uma energia boa para os fãs de pop e rock, mas certas vezes parece não confiar no próprio taco. Ou até mesmo escorregar em certo preciosismo. Eu ouvi algumas vezes o disco e não abdiquei quase nada da minha primeira impressão. Desse modo foi até fácil. A tarefa foi tranquila e agradável. Mas, não pensem que isso é um "pito" meu. Não, não... Das onze faixas ali eu curti seis de modo elevadíssimo. Achei composições muito boas. Dignas de um músico em evolução mesmo. Peguei até pro meu setlist pessoal (sim, eu tenho). Adoráveis. Em outras eu fiquei entediado. Normal, né? Por isso, acho que, pro meu gosto, daria um seis e meio a sete (com margem de erro...rs). Tenho certeza de que os fãs de sua banda irão adorar! Porém, como eu não sou homem de fugir da raia e dou nomes aos bois, vamos as faixas que separei como "high level": "Buffalo", "Detroit" (prestem atenção nessa melodia), "The Girl Who Fell to Earth" (linda canção), "Matador" (mini canção) e "Oscillate". Tá bom? Está mais que bom... Rsrsrs... "Ah, mas, você mencionou seis canções"... Sim, contudo o disco tem duas faixas nanicas... Já contam como uma só. Seria covardia ou charlatanismo meu. Ok?
UPTOWN SPECIAL
Esse é o quarto disco do DJ, músico e produtor Mark Ronson. A crítica recebeu com três a quatro estrelas. Mark trabalhou com diversos artistas do hype. Poderia ficar aqui escrevendo sem parar quem ele produziu, fez participações ou colaborou. No disco novo artistas como Kevin Parker (Tame Impala), Stevie Wonder (o próprio), Bruno Mars, Jeff Bhasker, Mystikal, etc... É muito soul, R&B e funk nesse álbum. Difícil ficar parado nas faixas... São linhas de baixo fantásticas, metais, e toda energia black. Mas, o rapaz é branquelo...rs. Nas faixas com Parker, claro, impera o som mais hipnótico, viajante, porém segue a dance music e o ritmo. Com Stevie Wonder o funk e a soul music reinam, invadem e chacoalha corações e mentes. Não sei se fiquei empolgado em demasia, contudo há tempos procuro um som criativo, dançante e de qualidade sem frescuras. Das onze faixas eu não me importei com duas ou três... Mesmo assim - são bacaninhas... As outras sete, oito são pancadões de qualidade e muito bem produzidos. Pudera... Rsrsrsrs... Olhe... Vou guardar aqui na minha caixinha especial: um dos discos mais pulsantes e significativos desse começo. Adorei. Vou destacar cinco faixas aqui pra vcs: "Summer Breaking" (hipnótica), "Feel Right" (O que é isso? James Brown?), "Heavy And Rolling" (que baixo!!!), "In Case of Fire" (separa o sofá) e "Daffodils". Discaaaaço! Nasceu clássico!
BIRDMAN
O novo filme de Alejandro Iñárritu, Birdman, é um ato de coragem. Tem que ter culhões pesados para bancar tal roteiro e filme. Ainda mais com cenas longas, timming de teatro e câmera em deslocamento. É tudo muito bem feito, quase inédito (eu sempre duvido do inédito) e provocante. O cineasta consegue contar sua história de maneira original, instigante e gostosa. Na forma de outra arte: teatro. Aliás, os diálogos fazem diversas alusões ao teatro. Reunidos, os personagens todos se encaixam e tudo funciona de forma auspiciosa. É um drama, mas é comédia também. E, por fim; quase um musical. Adorei a bateria "jazz" no pano de fundo. Ficou maravilhoso. Um baita filme. A trama toda é vivida por um veterano ator (Keaton) que tenta sobreviver após anos de sucesso com um papel-heroi (Birdman) e tenta emplacar uma peça na Broadway. Seus conflitos passam por sua filha reabilitada, sua ex-mulher, seu produtor (quase uma babá) e amigos de cena. E, de todos os envolvidos como Edward Norton (muito bem em seu papel), Emma Stone (indicada também), Zach Galifianakis (como nunca vi), Amy Ryan e Naomi Watts - está Michael Keaton - o verdadeiro maestro do filme. Michael Keaton está em seu melhor papel. E, olha que para dizer isso de um ator de 63 anos (completa 64 anos em setembro) precisa ter muita precisão. Poderia mencionar dos incontáveis papéis de sua vida como "Batman", "Beetlejuice", "Medidas Desesperadas" ou "O Jornal" alguns desempenhos bons ou ótimos. Porém, nenhum despertou em mim algo profundo e distinto quanto esse. Riggan Thomson (seu personagem) é a síntese de todo ator ultrapassado, egocêntrico, egoísta, fresco, manipulador e perturbado. Mas, quem nunca foi assim? Nem por um instante? Nem por um dia ou uma semana? Seu tormento é vivenciado por nós. Sua perdição e medo é tudo que a vida, amiúde, nos dá. Ou não é? A cena que Keaton tira a peruca nos perturba, pois ali se vê o ator envelhecido. O conflito com seu ego (Birdman) nada mais é do que a projeção de suas frustrações como ator, pai e artista. É um homem ali tentando sobreviver... A própria cena em que ele voa (desculpe o spoiler) é catártica. É linda. É simples. E é redentora. Olhe, a briga pelo Oscar será dura, mas se for para Michael Keaton será extremamente justa. Uma atuação de gala. Um protagonismo que há muito se queria desse ator. Se não for, azar do Oscar! Birdman é uma obra-prima do cineasta mexicano. Vale todo tostão investido. Imperdível.
No mês de fevereiro três fatos merecem citações aqui.
1) Dia 7 do mês o personagem "vagabundo" (Chaplin) estreia no cinema em 1914.
2) No dia 10 do mesmo é inaugurada a Agência Espacial Brasileira com base no Maranhão, em 1994.
3) Em 27 do mês acontece uma das conversas mais promissoras da psicologia: Freud e Jung se encontram pela primeira vez, na Áustria. A conversa durou 13 horas seguidas. Em 1907.
FATOS
Segundo um estudo realizado, em média, 14 pessoas por mês são vítimas de balas perdidas no Rio de Janeiro. A média de idade dessas pessoas varia entre 23 e 24 anos. Para ter-se uma ideia, nos EUA (inteiro) 26 pessoas são atingidas por balas. Ou seja: só o Rio já chega perto de um país inteiro como os EUA - que é maior do que o nosso. Triste! Muito triste.
TRACKLIST
Detroit (Gaz Coombes)
Matador (Gaz Coombes)
Oscillate (Gaz Coombes)
Uncertain Smile (The The)
This is The Day (The The)
The Sinking Feeling (The The)