domingo, 26 de outubro de 2014

Pauta de Hoje: The Best Day (Thurston Moore), Ron English, Livros, Goya, Mostra etc.


THURSTON MOORE

Thurston Joseph Moore, ex-líder do Sonic Youth e músico atuante (em projetos distintos), lança seu novo trabalho. "The Best Day" é o quarto disco de estúdio do americano. O sucessor de "Demolished Thoughts" é um petardo que qualquer fã de rock aprovaria. São oito faixas bem contundentes, lisérgicas, repletas de guitarras, distorções e "punch". Algumas canções são facilmente digeridas e reconhecidas pelos fãs de Sonic Youth. O trabalho anterior foi mais heterogêneo nesse sentido. De qualquer modo, não há nada de errado ou ruim em relembrar ou revisitar acordes clássicos da banda. Moore tem todo direito em fazê-lo. Mas, o disco é bom pra caramba. Escutei-o duas vezes e comprei todas as ideias das músicas. É extremamente bem tocado, bem feito e criativo. Existem duas faixas gigantes (tempo) que você fica com mais vontade de ouvir. Nada é sacal. chato ou repetitivo. Tudo fica no lugar certo, no tom adequado e tempo pertinente. "The Best Day" saiu recentemente pela Matador Records e contém oito faixas. São 54 minutos de duração. O trabalho abre com umas das minhas prediletas: "Speak to the Wild". Sonzeira boa. Pegada. Já foi até liberada nos principais sites de música para quem quiser conferir. Ótima abertura. Segue com "Forevermore" e seus 11 minutos e pouco. Parece muito, não? Pois é... Mas, lembra os grandes tempos do SY. "Tape", "Vocabularies" e "Detonation" são outras boas tiradas de Thurston, com destaque para essa última: um som agressivo e "fuck off". Guitarra pura e atitude. Deixei três músicas em separado, pois foram as que mais me pegaram. "The Best Day" (faixa-título), "Germs Burn" (a banda dele já havia tocado e gravado) e "Grace Lake" (linda música) - uma excelente faixa. Com destaque para um pedal de "fuzz" de faz toda diferença. Resumindo aqui: o disco é bem coeso, autoral e criativo. Algo bem raro no mercado atual. Moore dá um banho em mundo "boyzinho" aí com atitudes duvidosas e marra desnecessária. Eu já havia separado o trabalho anterior em minha gaveta mental, porei esse também. Ótimo trabalho! Vale a pena. Depois me cobrem.


Obs: A foto de capa é uma fotografia de sua mãe e seu cachorro tirada pelo seu pai num clima bem familiar.

CANDIDATOS

Calma... Aqui não é lugar para "mimimi" eleitoral. Ao contrário: suavizo, sobretudo, o tema. Mas, vocês sabiam que antigamente (e bota "antigamente" nisso) os primeiros candidatos a cargos ou outra espécie de pleito usavam togas longas e brancas? Algo bem próximo de uma batina, porém com mais pureza. As vestes concebiam pessoas nobres e cândidas... Hmmm... Será que vinha daí a derivação do latim? Pois sim, há relatos que tudo era baseado nessa origem do verbete e como as vestes eram brancas, alvas mesmo, dava-se a sensação de imaculados, puros, cândidos... Ou seja: tudo começou com uma ótima ideia de "marketing"... Rsrsrsrs

NEWS

- O canal WGN renovou a segunda temporada de "Manhattan". As filmagens começarão em 2015 e a previsão de estreia será para o segundo semestre. As locações foram no Novo México. A trama é baseada no Projeto Manhattan elaborado por cientistas nos anos 40. Começava as primeiras experiências nucleares.

- Vai de vento em popa a exposição ART POP de Ron English. O artista e publicitário é um dos maiores nomes do Surrealismo Pop. A Mostra está na Caixa Cultural desde o dia 21 de outubro e vai até 21 de dezembro. Entrada franca. São 110 obras com intervenções e referências aos quadrinhos, ao pop art, a música, ao street art e a própria propaganda. Imperdível!



- Depois de ter sido indicado quatro vezes ao Prêmio Goya - o maior do cinema espanhol - e nunca ter ganho, Antonio Banderas (foto), finalmente, receberá a honraria. Ele será agraciado pelo conjunto da obra. A cerimônia acontecerá dia 8 de fevereiro.

- Amanhã (27) começa a Mostra Cine Literário no Ponto Cine (RJ). São filmes que foram baseados em obras literárias. Haverá debates, presença de atores, diretores, produtores... Filmes como "Meu nome não é Johnny", "Batismo de Sangue", "Heleno" estão na agulha. O encerramento dar-se-á no dia 31 desse mês.


DICAS (LIVROS)

Luis Alfredo Garcia-Roza
"Um Lugar Perigoso"
Cia. das Letras
264 páginas

Arthur Cona Doyle
"A Terra de Bruma" (Reedição)
Zahar Editora
336 páginas

TRACKLIST

This Is the Day (The The)
Uncertain Smile (The The)
Kingdom of Rain (The The)
Speak to the Wild (Thurston Moore)
Grace Lake (Thurston Moore)
Detonation (Thurston Moore)
The Best Day (Thurston Moore)



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domingo, 19 de outubro de 2014

Pauta de Hoje: "Anger is an Energy" (John Lydon), Pasolini, Playmobil, ABL, Twin Peaks e mais...


ANGER IS AN ENERGY

A Biografia de John Lydon (nome real de Johnny Rotten) saiu agora no último dia 9 no Reino Unido. Legal seria se essa fosse "não autorizada"... Rsrsrsrs... Mas, essa é outra história... De qualquer modo salivei de tanta expectativa pela publicação. John, como muitos sabem, é uma figura indispensável ao mundo do rock. Líder de uma das maiores bandas punks e tendo antagonizado a cena ao lado de Malcolm McLaren - John sabotava as ideias do produtor - ajudou o Sex Pistols a mudar a forma de fazer música na década de 70. Enquanto McLaren planejava toda cena e influenciava milhares de jovens no Reino, John tinha outros planos... Após o fim da banda, Lydon monta sua banda experimental (como tarde ele dissera) PIL e influencia (de novo) à sua maneira, o mundo do rock. Fato que os Sex Pistols ditou moda e anarquia pela Inglaterra inteira, porém, a ideologia punk não clamava por "moda", "comodismo" ou "tendências massificadas". A questão era fazer por si mesmo (Do Itself) e ignorar o consumismo e as regras da sociedade. Funcionou até certo ponto. Contudo, o espírito anárquico daquele garoto, filho de pais irlandeses proletariados, apenas começava. Com o seu PIL ditou as regras de sua vida e como via o mundo. Conquistou milhares de fãs. Nessa nova obra sobre sua vida todas essas questões particulares e comerciais ele explicita e dá sua versão sobre tudo que rolou desde os Pistols. Uma figura como Lydon é sempre necessária nesses tempos de rock bunda mole e opiniões babacas. Pode-se odiar boa parte das ações de John, porém é sempre autêntica e sincera. Sem acordos. A biografia tem cerca de 545 páginas e saiu faz poucos dias. O título é uma frase (talvez a mais famosa dele) de uma de suas clássicas canções pelo PIL, "Rise". E define muito de sua vida e pensamentos: Raiva é energia! Isso é John Lydon, senhoras e senhores!!


DICAS

Mostra CCBB Pasolini
Filmes, documentários e fotografias
Películas como "Mamma Rosa", "A Terra vista da Lua", "O Evangelho segundo São Mateus" entre outros são alguns dos clássicos do cineasta italiano.
Começou dia 16 de outubro e vai até dia 10 de novembro.

Museu Histórico Nacional
40 anos de Playmobil
Mais de cinco mil bonequinhos pelas mãos de 12 artistas
Xilogravuras, painéis, desenhos, etc...
Entrada franca e com término no dia 23 de novembro.


NEWS

- A série Criminal Minds ganha fôlego novo com a entrada de Jennifer Love Hewitt como mais nova agente. Uow! Curto muito! Rsrsrs... São quase dez anos já. A nova temporada (décima) já está no ar.

- Novo disco de Noel Gallagher na praça. "Chasing Yesterday" tem lançamento previsto para dia 2 de março de 2015, mas os fãs podem começar a ouvir o trabalho novo, pois o músico liberou uma das faixas: "In the Heat of the Moment". No canal do youtube do cantor.

- Claro que eu não podia deixar batido que teremos show do Echo & The Bunnymen aqui. Eles se tornaram figurinhas fáceis pelo Brasil, porém é sempre bom ver (e rever) shows de bandas desse quilate. Melhor do que shows inéditos de bandas "meia boca". Dia 1 de novembro na Fundição Progresso (RJ) e 2 de novembro no HSBC Brasil (SP).

- Antecipado aqui, mas ratificado na ABL, Ferreira Gullar foi eleito por unanimidade como mais novo imortal. Depois de tantas recusas, o poeta cedeu ao chá das cinco. Ocupará a cadeira de Ivan Junqueira, morto em julho do ano passado.


TWIN PEAKS

Essa foi uma das grandes surpresas do ano: a volta de uma das séries mais aclamadas e fodonas do mundo. Twin Peaks criada por Lynch e Frost revolucionou a temática das séries americanas. Em meados de 1990, a série estreava sua primeira temporada e em 91 a segunda temporada. A diferença dos enlatados da TV é porque trazia em sua história uma complexidade, mistérios e esoterismo em volta da morte de "Laura Palmer". A grande questão a resolver. Nessa época - havia sempre ao fim dos episódios de outros programas o senso da moral. David Lynch e Mark Frost ignoraram essa regra e realizou um dos programas mais tensos e bacanas da TV. Por pressões da própria ABC - canal que transmitia - os produtores foram obrigados a revelar o verdadeiro assassino. O que matou em boa parte a tensão e o élan do programa. O destino de Twin Peaks estava selado. O nome da série é o mesmo da cidade fictícia criada por Lynch. Bom... Depois de um hiato de mais de vinte anos, Lynch e Frost resolveram retomar o programa e começarão a filmar em 2015. Rumores dizem que a série, de fato, só entraria no ar em 2016, mas essas datas todas serão revistas. O que está em jogo é um pouco de cronologia: os vinte e cinco anos da série. Enquanto - nada de concreto sai os fãs ficam no afã nostálgico. A conferir...



ÚLTIMA...

O cantor e líder do Sonic Youth, Thurston Moore, lança seu novo trabalho amanhã, dia 20 de outubro. O álbum contém oito faixas somente, mas tem quase uma hora de duração. O nome se chama: "The Best Day" e sai pela Matador Records... Prometo resenha-lo aqui semana que vem!

TRACKLIST

Incinerate (Sonic Youth)
Dirty Boots (Sonic Youth)
Teenage Riot (Sonic Youth)
Kool Thing (Sonic Youth)
The Diamond Sea (Sonic Youth)
Sunday (Sonic Youth)




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domingo, 12 de outubro de 2014

Pauta de Hoje: "God Help the Girl", "Jimmy's Hall", MIMO (Música Instrumental), Turismo, Tecnologia, Tracks, etc.


GOD HELP THE GIRL

Sim... O filme é também nome de um projeto de Stuart Murdoch, ex-Belle & Sebastian. E por quê? Porque o filme é dele também! Há tempos flertando com o cinema, Stuart adora musicais. Sempre confessou ter sido influenciado por "Grease" entre outros... E, muito desse filme parece-se com Grease. A história de uma menina anoréxica que adora cantar. E o faz muito bem. Conhece um rapaz talentoso e tímido e uma menina excêntrica e de família abastada. Juntos, formam uma banda e seguem seus sonhos. God help the girl segue um ritmo de musicais modernos, mas nele os astros são jovens quase "nerds". Algo como "Glee". O roteiro é simples e contagia a juventude, sobretudo a geração de amantes de séries. Há uma narrativa voltada para esse público e para os fãs do Belle & Sebastian obviamente. Eu curti o filme, mas daria uma nota seis no máximo. Não há nada que desafie ou espante os amantes da sétima arte. Dar-se a impressão de que todos podiam ser perfeitamente atores de uma série adaptada para o cinema. No filme estão: Emily Browning, Hannah Murray (Games Of Thrones e Skins) e Olly Alexander (Skins) - todos atores jovens dessa geração. É uma comédia musical com determinado drama (a anorexia) e bem escrita. Mas, é só isso. A trilha é toda da banda de Murdoch, God Help the Girl. Aliás, tem ótimas canções ali. 


JIMMY'S HALL

Lembra de "Footloose"? Pois então, aqui um clube de dança na Irlanda é motivo de desavenças entre a igreja e Jimmy, um irlandês comunista que luta pelos amigos e companheiros. O local é usado para entretenimento da cidade. Obviamente que a comparação anterior é uma brincadeira. O filme é sério e os conflitos, idem. Jimmy Gralton fora preso por incitar a dança e os pensamentos progressistas de jovens da cidade. Dez anos após, volta à sua cidade disposto a recomeçar sua luta. O cenário é uma Irlanda entre as grandes guerras e extremamente Católica. No papel principal, Barry Ward (Macbeth) e Simone Kirby (Hamlet) - casal não propriamente dito, rsrsrs... Isso eu não posso revelar. A produção é franco-irlandesa. Quem assina é o diretor Ken Loach. Posto isto, vos digo, é um belo filme. As locações da produção são espetaculares. Fotografia impressionante. É uma Irlanda bela e melancólica. Todo roteiro é impecável. Filme bem acabado em todos os detalhes. Não há nenhum astro ou estrela nele, pois o filme em si é a estrela maior. O conjunto todo ajuda. Havia achado a sinopse um tanto fraca, mas queimei a língua. Não sei se esse trabalho de Loach receberá alguma indicação, mas isso é o menos importante. A narrativa é extremamente interessante, e sobretudo atual. Ou vocês acham que essa disputa de ideias políticas com teores religiosos não permanecem ainda? Pois é... No mais: esse é o avô de Footloose (rsrsrsrs). 


NEWS

- Estreou semana passada, dia 7, "The Ronnie Wood Show" - um programa de entrevistas com o ex Rolling Stone. O talk show é exibido pela Film & Arts e teve Alice Cooper (!!) como primeiro entrevistado.

- A Ambev foi multada recentemente em mais de hum milhão de reais por ter sido pega na cerveja Kronenbier. A dita cerveja "sem álcool" foi flagrada com 0.3 de teor alcoólico! Rsrsrsrs... É, bicho... Parece pouco, mas é preciso credibilidade. 

- E acabou o Festival MIMO (música instrumental, jazz, eletrônica) em Paraty. O que começou como um festival em Olinda há dez anos ganhou contornos de requinte. Um luxo só. Artistas como Philip Glass, Guinga, Gotan Project, Edgberto Gismonti, Buena Vista Social Club, Nouvelle Vague, Hermeto Paschoal, Tareq Al Nasser, Azimuth, Wagner Tiso, Fela Kuti entre outros... Só fera! já desfilaram e encantaram. É um evento que reúne o melhor da música instrumental com artistas do mundo inteiro. O MIMO parte agora para Tiradentes (MG) depois de ter passado por Olinda, Ouro Preto e Paraty. programaaaaço!

- O último índice que mostra o número de turistas que residem no Rio apontava cerca de 70 mil deles. Somente na cidade maravilhosa. Após a Copa, suspeita-se que esse número, já defasado, tenha quase duplicado. O índice foi feito em 2010. Isso pode não ter muito efeito agora, mas será que daqui a vinte, trinta anos não causará impacto na sociedade carioca? O convívio e costumes depois de tanto tempo não modificarão as pessoas? Não responda agora. Espere...

INTERNET

Muito se lê por aí acerca da tecnologia, seus efeitos, suas qualidades e, sobretudo seu impacto. É fato que a internet modificou e muito a vida de todos. O modo de vida mudou por completo. Acho que é visível e notório. Não falo nenhuma novidade aqui. E as transformações parecem ser irreversíveis. Dificilmente alguém não usa um celular, um notebook, tablet e a "internet". Seja para lazer, trabalho, pesquisa, etc. As benfeitorias são inegáveis e fantásticas. De tanto ler e ler sobre o assunto deparei-me com um texto bem otimista e importante. Num semanário qualquer (não importa a fonte) uma matéria avançada fazia prognósticos sobre os próximos dez anos. Como especialistas da área viam o quão avançaremos nessa área. De tudo que estava escrito, duas coisas me chamaram atenção. Acho que vocês vão se espantar também... Vamos lá... Segundo o estudo, em 2025 cerca de 80% (oitenta por cento - veja bem) da população MUNDIAL terá nascido na era da internet. Compreendeu? Oitenta por cento das pessoas. É muita coisa. Para se ter uma ideia, se colocarmos numa média de que teremos cerca de 7 bilhões de humanos em 2025 na Terra, 5 bilhões e meio terão nascido na era da internet. Isso é impressionante! Pessoas que sequer viram orelhões ou fichas telefônicas, viram a União Soviética, passaram um fax ou escutaram uma fita cassete. Pois é... Mas, a segunda coisa é que mais me tomou de assalto... Na tecnologia criada, podendo ser 5G, 6G ou 7G a internet será básica. Em outras palavras: não teremos conexão lenta ou rápida e sim, ela (internet) estará ligada ou desligada. Assim como a eletricidade. Uau!!!!! Já pensou nisso?? Simples como um interruptor. Fiquei estupefacto! Duvida? A conferir...


TRACKLIST

Night And Day (Everything But the Girl)
Come on Home (Everything But the Girl)
When All's Well (Everything But the Girl)
Native Land (Everything But the Girl)
Each And Every One (Everything But the Girl)
Missing (Everything But the Girl)


83 Anos

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domingo, 5 de outubro de 2014

Pauta de Hoje: "O Sal da Terra", "Mr. Turner", News, "David Bowie is", Émile Zola, Pink Floyd e mais...


O SAL DA TERRA

"... O documentário de Wim Wenders sobre o fotógrafo Sebastião Salgado é aplaudido de pé, por cinco minutos, em Cannes ..." Preciso falar mais alguma coisa? Até preciso... Rsrsrs... Senão o que seria dessa resenha? A abertura do Festival do Rio não poderia ser melhor. Saí da sala de cinema emocionado, impactado e auspicioso com o belíssimo documentário exibido. Digo a vocês que trata-se de um dos melhores que vi nos últimos vinte, trinta anos. Não é à toa que o cineasta Wim Wenders apaixonou-se pela obra e pela vida de Sebastião Salgado. O fotógrafo brasileiro, radicado na França, viveu uma vida (e ainda vive) intensa e particular. O filme mostra exatamente todo o trabalho dele através de coberturas de guerras, conflitos, catástrofes, epidemias, genocídios, mortes, etc, pelas lentes e memórias de Salgado. As fotos são lindas, poéticas, imanes... Várias vezes, durante a exibição, peguei-me deslumbrado ou emocionado. A narrativa também faz-se por poesia, de forma lírica e envolvente. Sebastião é um homem de sensibilidade ímpar. Sua mulher o acompanha em todas as jornadas e colabora de forma ativa e altiva. Um casal lindo! São seres especiais. Cada pessoa que assistir ao filme sentirá isso. Wenders habilmente passa pelos principais temas que deram origem aos livros de fotografia desse genial artista. É deslumbrante seu olho artístico em cada foto, cada momento capturado, cada cenário consumido. Nosso artista é um dos mais renomados fotógrafos mundiais, e fiquei pensando que, ao menos, 80% das pessoas no Brasil nem o conhece. Porém, não há nenhuma menção acerca disso no doc. Foi apenas uma constatação infeliz que esse quem vos escreve pensou, de fato. Importante ressaltar que o trabalho de Wenders foi feito juntamento com Juliano Salgado, filho de Sebastião. Juliano aprendeu com o pai a labuta e tornou-se um fã e parceiro dele. São quase 120 minutos de narrativa pelas emblemáticas fotografias do artista. Desde Serra Pelada a Galápagos (cenas chocantes, sobretudo são mostradas). Engana-se quem pensa que tudo são flores... Não. No miolo do documentário somos submetidos a imagens fortíssimas e pesadas, como crianças mortas, animais dissecados, cadáveres mil e tudo que de pior a guerra e a fome pode impor. Salgado não dispensa nada. Registra tudo. Admito que, muitas das vezes fiquei horrorizado, embora tudo ali seja obra do ser humano. Infelizmente. E daí vem mais ainda o verdadeiro impacto. Se fosse resumir minha opinião acerca da película diria que é uma obra-prima. Algo obrigatório e soberbo. Sempre digo que a arte precisa mexer contigo. E essa mexe demais! Imperdível!



MR. TURNER

O novo filme Mike Leigh conta a história do bufão pintor J.M.W Turner. Pai solteiro de duas filhas e dono de um peculiar jeito e atitude, Turner é símbolo do homem do século XVIII: austero, bronco e machista. De qualquer modo, educado e vivido nas melhores instituições europeias. Convive com nobres e realezas. O pintor é reverenciado em seu tempo e vive "mui bem obrigado" com seu pai, fiel confidente. Através da habilidade de Leigh, o filme pega sua fase madura até sua morte (desculpe...rs). Fase essa que colide com as primeiras máquinas fotográficas. No papel principal - Timothy Spall - ator e parceiro de vários trabalhos do diretor. A atuação de Spall é sublime. Não conheço grandes detalhes dos traços de Turner, mas a maneira como o ator desenvolve o personagem é impagável. Não há espaço para mais ninguém no filme. Vejo no horizonte uma indicação para o Oscar (pode anotar). E, por falar nesse assunto, o trabalho técnico (costumes, roupas, cenário) deve render ao filme outras indicações. É filme talhado para tal. São 150 minutos de filme no ritmo do pintor. Rabugento, genial e controverso. O filme passa-se na antiga Inglaterra e no entorno do Tâmisa. Destaco também o trabalho dos roteiristas (acredito eu) nas pesquisas, pois existem diálogos acerca das técnicas de pintura e, sobretudo acerca das cores. Discussões profundas sobre colorações, rabiscos e luz (principalmente). Apesar de estar cansado (saí de um filme e fui para o outro), soube separar meu cansaço com o longo filme. E gostei. 


DAVID BOWIE IS

Certa entrevista do líder do Echo & The Bunnymen, Ian McCulloch, ele afirma: "Certamente eu aprecio mais a obra de Bowie do que dos Beatles"... A frase tinha sentido, pois a banda nascera na mesma cidade dos "Fab Four" (Liverpool), e é isso mesmo. Mesmo com toda "beatlemania", David Bowie construiu uma carreira sólida e genial a ponto dessa comparação. E foi além... Segue, inclusive. O documentário acima é baseado na belíssima exposição sobre o artista que percorre o mundo (passando pelo Brasil). Depoimentos de diversos artistas do mundo do cinema, da moda, da música, etc, permeiam a obra e trajetória de David Jones, ou simplesmente: Bowie. O camaleão do rock mostra todo seu talento para além da música. Bowie é antes de tudo um "showman". Todas as facetas são abertas ao público. Seus desenhos, figurinos, clipes, shows, livros que influenciaram, sua verve teatral; nada fica de fora. A impressão que eu tive é que daria para fazer horas e horas de filme e permaneceríamos conhecendo e sabendo mais. Ele não para. Nunca parou. Eu, como fã, fiquei impressionado e admirado no cinema. Cada letra, cada detalhe do mundo do artista, cada fã famoso, inspirava e deixava-me emocionado. Peguei-me cantarolando diversas canções. A exposição é linda! Algo de fino gosto e surpreendente. Não tenho nada de muito cinematográfico para esmiuçar aqui, pois é bem simples: imagens de uma homenagem ao gênio. Está tudo lá. Fato que peguei quatro a cinco discos dele e deletei-me. É inerente. Recomendo a cada fá e não fã que absorva esse documentário, pois, certamente, você nunca mais será o mesmo. Fecho com uma frase do próprio Ian McCulloch ao fim da entrevista: "... Escutei "Starman" e nunca mais fui o mesmo ... Aquilo soava como nada do que eu havia escutado ..." Esse é David Bowie, senhores! Ch-ch-ch-channnnges!!!


NEWS

- Depois de quatro longos anos, a Sala Cecília Meireles será reinaugurada. A data para tal será dia 18 de novembro e terá sessões de leituras de poemas interpretados em voz e piano. Em tempo: será somente para convidados.

- "The Endless River" é o nome do próximo disco do Pink Floyd. O primeiro de inéditas após vinte anos. A gravação foi feita antes da morte de Rick Wright. A previsão de lançamento será em novembro, dia 10.

- O ultra clássico "Thriller" de Michael Jackson será visitado. O clipe mais famoso da história do pop terá uma versão 3D para o ano que vem. O diretor John Landis conseguiu, finalmente, o parecer jurídico para tal. A conferir!

- Esquentam as vendas do Lollapalooza... O Festival que acontecerá em março, em São Paulo (Interlagos) vem crescendo na procura de ingressos. Mas, as atrações ainda não foram divulgadas. É isso mesmo? O brasileiro está se dando esse luxo? Comprar (e não é barato) no escuro? Oxe...


DICA

Reedição do clássico
"A Besta Humana"
Émile Zola
Editora Zahar
368 páginas

TRACKLIST

Heart of Darkness (Pere Ubu)
Firecracker (Half Japanese)
Girls Talk (Dave Edmunds)
I'm a man (Smoove)
Bombtrack (Jazz Against the Machine)
Take Out (The Sound Defects)
Afternoon Soul (Gramatik)


RIP.

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