quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Pauta de Hoje: Discos Especiais II, "Sound Affects" (35 anos), Peter Hook, Iracema (José de Alencar), etc...


Como eu coloquei sete discos aqui no "post" passado prometi colocar mais alguns (sete, talvez) para interesse público. Reitero que não trata-se de nenhum rol acadêmico, histórico ou de relevância na música, mas de cunho pessoal. Discos que, de algum modo, estiveram em minha vida até aqui... Sei que muitos discos citados anteriormente são de importância ímpar na história musical, porém foi apenas mera coincidência... Assim como os que virão...

PARTE II

Poderia citar dois a três discos do The Jam, mas citarei esse, até porque o "Sound Affects" será devidamente esmiuçado abaixo (no próximo tópico). Eu sei que é muito óbvio citar coletâneas, mas esse é um disco que me marcou demais. Fui capturado pelo som de Paul Weller e sua trupe desde cedo. A musicalidade deles me impressionou na primeira audição. E "Extras" é uma reunião de pérolas do pós-punk. Ali há de tudo um pouco. A voz de Paul, a sonoridade "mod" que o The Who já havia lançado e a melodia britânica que envolve sempre o povo que curte rock. O álbum foi lançado em 1992 e eu adquiri um ou dois anos depois. Levei-o para diversas festas ou reuniões com amigos e ninguém ousava pular sequer uma faixa. Não tinha como. É todo maravilhoso. "Liza Radley" é de chorar sentado. A cover de "Moving Up" (Curtis Mayfield) é outra coisa preciosa. Mais acelerada e dançante. "Smithers-Jones" e seu início (que o IRA! pegou para "Flores em Você") é arrebatador! Ficaria citando faixa a faixa que você escutaria o disco todo. E, me agradeceria depois. The Jam é uma das bandas que mais gosto. E "Viva Paul Weller"! Simples assim. Escute "The Butterfly Collector" e depois me diga. Ok?


THE JAM - EXTRAS (1992)

O que um cara que curtia punk e já tinha ouvido Stooges, Sex Pistols, The Clash, Ramones, Velvet Underground, Gang Of Four, etc, poderia pedir? Simples... Algo que havia nos EUA, tinha bebido de muitas fontes e regurgitado um som psicodélico e bem tocado. Amigo: eu ansiava por Television! Tom Verlaine (sobretudo), Richard Hell e Richard Lloyd deram-me a energia que faltava. O disco que refiro-me é "Marquee Moon", claro. A bíblia deles... Um disco tardio, 1977, já que eles juntaram-se três anos antes. A canção-título é emocionante. São dez minutos de pura aula de como toca-se guitarra! Uow!!! "See No Evil" - um hino proto-punk. "Venus" - algo lindo. "Friction" - um petardo absurdo. Escutei muito esse vinil. Fui ao show deles aqui no Rio de Janeiro para babar no gogó... Assisti-os hipnotizado. Um sonho de jovem realizado!


TELEVISION- MARQUEE MOON (1977)

Esse foi dica do meu tio... "Léo, comece por esses aqui..." Ele referia-se ao jazz, blues e soul. Uma série de vinis de Coltrane, Blakey, Miles Davis, Chet Baker, as divas, Ella, Lena Horne, Billie Holliday e por aí vai... Mas, o primeiro disco que peguei dessa seara de feras foi de Otis Redding. Pra quê? Fiquei alucinado!!! Nunca mais consegui ouvir jazz, blues ou soul music da mesma forma. Fiquei viciado naquele som. Lembro-me de ter ficado bastante tempo nessa. Preciso lembrar que não havia internet, computador pessoal ou celulares... Eram eu e a vitrola! Curti uma fossa de black music tal como um interno. Cumpri à risca. "Tramp" foi um dos sons que fiquei "de cara". Que balanço bom. "(Sittin'On) Dock Of The Bay" emociona um surdo! Que música linda. Uma das mais bonitas de todos os tempos. Não há ser humano que resista a essa canção. Genial!


OTIS REDDING - THE DOCK OF THE BAY (1968)

Muita gente boa considera o primeiro disco do Secos & Molhados de 1973 o mais clássico. De fato, só a capa com as quatro cabeças já separa esse trabalho de muitos. E eu adoro. Lindo! Mas, não foi o disco que me pegou da banda. Não. Foi o segundo. O de 1974. O preto. Sim... Esse disco é o meu predileto. Foi ele quem me iniciou na aura de Ney, João e Gérson. Ali estão textos de João Ricardo (um português esperto e genial) misturado aos mestres Fernando Pessoa, João Apolinário e Julio Cortázar. A banda ainda tinha Wiilie no contrabaixo. Um puta baixista, por sinal... Zé Rodrix não participa desse, como o fez no primeiro. Por uma questão de tempo ou capricho da vida eu cismei com esse disco. Há canções ali que são pessoais demais. Exemplos de "Voo" (que baixo é esse?), "O Hierofante", "O Doce e o Amargo" ou "Delírio". Poesia pura! 


SECOS & MOLHADOS - II (1974)

Seguindo a "vibe" brazuca eu devo e tenho que citar um artista que fez muito a minha cabeça. Paraibano do bom e letrista potente. Zé Ramalho! Claro. Como um bom nordestino trouxe uma carga rupestre ao seu som e embalou com sua guitarra eletrificada. Canções com carga emocional e peso. Foi a voz de Zé que cativou-me. Confesso que estremeci quando sua temática música fez parte de "Roque Santeiro", porém, Zé Ramalho tirou de letra. Um tom sombrio. Mas, o disco dele que ficou na cabeça é o "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu".  Segundo disco de sua carreira. Aquela confusão de forró, progressivo, rock e mpb fez uma confusão na minha cabeça. Pirei! Ele já tinha lançado o cultuado "Paêbirú" com Lula Côrtes. Hoje, uma raridade. Porém, esse disco foi o que pegou-me, de fato. Um som brasileiro com uma emoção enorme. Dali, vinha "Frevo Mulher" - que eu escutei primeiro para depois ouvir a versão de Amelinha. A mais conhecida. Amelinha que foi mulher dele, inclusive. É preciso mencionar o "Ramalhão" (primeiro disco) original também, pois escutei concomitante. E, são dois discos que tenho orgulho de ter crescido ouvindo. Dois belos exemplos de mpb foda!


ZÉ RAMALHO - A PELEJA DO DIABO COM O DONO DE CÉU (1979)

Mudando completamente o som... Algo que muita gente (roqueira) considerava "pecado", Morphine" fez. Tirou a guitarra do som! Hahahaha... Imagine? Pois é. Colocou um sax barítono e formou o último power trio que importou na música. Pelo menos até agora. Além da substituição inusitada, Mark Sandman (o líder) tocava com slide seu baixo (2-strings 5/8). O resultado acertou em cheio meu coração. Se no mundo o Nirvana estava conquistando todos em 91, 92 - em mim Morphine era o que mais tocava. Tenho certeza de que o grunge tem seu capítulo garantido, mas a banda americana "Morphine" vai ter seu capítulo também. Foram ousados, criativos e inteligentes. Som refinado, robusto e fodaço! Foi o "Cure For Pain" de 93 que chamou minha atenção. Era o segundo álbum deles. Abriu minha mente e a de muita gente. Podes ter certeza!


MORPHINE - CURE FOR PAIN (1993)

Não poderia deixar de fora uma coletânea que chegou em minhas mãos exatamente quando lançada. O ano era 1987 e eu havia começado a prestar atenção em alguns discos dançantes. Mas, eu tinha um sangue "rocker" nas veias. De modo que ainda não conseguia enxergar que tudo era derivável e que bastava ter qualidade para ser bom. Engatinhava. Porém, uma obra foi-me apresentada em casa por minha irmã (dois anos mais velha): "Substance" (New Order). Sim... Era o que faltava para eu unir o rock, pop com o eletrônico. O bom e velho New Order. Já transformado e livre de todo torpor do Joy Division. O "Substance" do New Order (já que o Joy Division possui seu "substance" tb) abriu portas de muita coisa dançante para mim. Mesmo, antes de conhecer os papas eletrônicos e da "dance music". E entre diversas canções eu fui separando o joio do trigo. 


NEW ORDER - SUBSTANCE (1987)

Acho que deu para reunir algumas coisas que pautaram um pouco meu gosto pessoal. Na verdade, alguns deles por obra do destino e outros por pura teimosia. Gostaria de mencionar mais outras dezenas de trabalhos que me influenciaram e tomaram minha atenção, porém aí viraria coisa séria e tomaria imane tempo. Um escriba deve saber a hora de parar. Eu nem falei dos raps oitentistas ou discos nacionais que eu adoro. Tudo bem... Uma outra hora eu menciono. Quem sabe uma nova lista? Né? É como eu falei: música é divino! Não sei viver sem música. É assim! 

NEWS

- A Editora Cosac Naify encerrará suas atividades comerciais. Uma pena! Mais uma editora de arte fechando as portas. Oriunda em 1997 dos nomes de seus sócios, Charles Cosac (brasileiro) e Michael Naify - a empresa sempre vendeu livros de arte e clássicos. A data de encerramento ainda não foi divulgada. Ugh!

- Obra de José de Alencar, "Iracema", vai a leilão. É a primeira edição de 1865. Yeah!

- Peter Hook segue brigando com sua ex-banda: New Order. O problema agora, segundo o músico, é que ele alega que os integrantes teriam roubado espólio da banda. Por assim dizer... Espólio é meio generalizado, mas é isso mesmo que ele alega. Faltou mencionar qual parte do espólio ele se refere. Enfim...

- No último dia 30 de novembro, completou-se 80 anos da morte do escritor Fernando Pessoa. 


CURTINHAS

1) Parece que as obras na orla de Copacabana e Leme, finalmente irão atender a todos... Serão instaladas em todos os quiosques mesas com acesso aos cadeirantes (com devida adaptação). Para que qualquer pessoa possa usufruir da praia. Além dos novos bicicletários também... Vamos aguardar e torcer para que tudo seja feito. Até porque a praia é pública e de todos.

2) Uma exposição bacana está presente no Museu Histórico Nacional (Centro). São cartazes de empresas aéreas (estrangeiras) que tinham como "mote" o Rio de Janeiro. São 40 cartazes que começaram a circular em 1910 (data que o Porto do Rio abriu) para os turistas aprenderem e desfrutarem a terra carioca. Tem publicidade alemã, francesa, inglesa, americana, italiana, etc... Bem interessante... Fica até janeiro de 2016

SOUND AFFECTS (35 ANOS)

Sim... Esse álbum poderia perfeitamente estar na lista mencionada acima... Claro! Tenho ele em vinil e não vendo, troco ou qualquer outra coisa. É um discaaaaço! E, no último dia 28 de novembro completou 35 anos de lançamento. Um dos mais brilhantes trabalhos da banda. Basta citar que o clássico "That's Entertainment" está aqui. Mas, tem muito mais que isso. "Monday" - uma pérola melodiosa deles. Ou "Start" (cuja base do baixo é tirada de "Taxman" dos Beatles) - outro petardo do grupo. "Pretty Green" que inicia o disco captura o fã pelo baixo marcado. Nesse trabalho a voz de Paul encontra "ecos" e efeitos, mas sem tanta afetação. O som deles é único. O mais incrível desse álbum é que cada faixa que você ouve descobre traços ou rumores de inúmeras canções que tem-se por aí. É fonte inesgotável de bebida. Pode apostar! Fecho citando duas outras faixas que eu adoro: "Man In The Corner Shop" e "Boy About Town". Sonzeira violenta!


TRACKLIST

Start (The Jam)
Monday (The Jam)
Liza Radley (The Jam)
Smithers-Jones (The Jam)
The Butterfly Colllector (The Jam)
Man In The Corner Shop (The Jam)


Om...