quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Pauta de Hoje: Bowie... 1947-2016


DAVID BOWIE

Dia 11 de janeiro, certa altura da manhã, sou acordado da seguinte maneira: "... Léo, acorde. Tem um recado pra você lá embaixo. Ahhh... O David Bowie morreu ..." Saltei da cama por diversas razões, embora a principal era porque eu estava atrasado para trabalhar. Dali foi um salto para o banheiro, comida e sair de casa. Trabalhei normalmente e voltei para casa. Tudo seria mais um dia se não fosse por um detalhe: Bowie havia falecido! Como assim? Ué, as pessoas falecem... Verdade. Mas, não Bowie... Não assim... Levei um choque de realidade em 2016. O mais versátil e camaleônico artista de nosso tempo havia sucumbido. A quem eu tinha um apreço imensurável e anos a fio tinha-o como um dos principais exemplos de arte. Engana-se quem refere-se a Bowie como cantor ou compositor. Nada disso. Essa é uma das inúmeras facetas dele. David Robert Jones (nascido assim, mas como o músico dos Monkees tinha o mesmo nome e já estava cantando trocou o sobrenome. Adotou o de uma faca) fora diretor, ator, pintor, músico, produtor, etc... Atuou em filmes fabulosos como "The Hunger" ou "The Labyrinth". Lançou Lou Reed e Iggy Pop... Sim... Ele produziu e bancou seus dois amigos para o mundo. Olha como devemos a ele tal ato... Influenciou diversos tantos outros músicos e bandas desde dos anos 80 aos dias de hoje. São incontáveis artistas que o citam ou narram acerca de uma determinada canção ou álbum, ou até mesmo fase inteira dele. David foi mod, rock, glam, punk, gótico, pop, eletrônico, clássico... Passeou por variadas esferas da música. Impossível pensar na música atual em sua totalidade e não ter algo dele ou produzido por ele. Foi o artista que mais tocou a vida das pessoas pelo mundo - disse uma vez David Buckley, seu biógrafo. E, talvez seja verdade. Eu mesmo tenho algumas adoráveis passagens ou memórias com suas canções. Seja uma viagem que fiz com amigos aos ecos de "Low" (77) ou uma tarde vendo "Christianne F." - o filme ao som dele. A verdadeira (personagem) adorava-o. Ano passado mesmo, quando saiu um documentário sobre a exposição (David Bowie Is) sobre o artista que rodou a Europa. Eu fui ver. Saí do cinema orgulhoso de ser fã. O mundo inteiro apreciava sua arte. Bowie conseguiu penetrar até no mundo na moda. Com suas vestes e tecidos vanguardistas (vide Kansai Yamamoto). Nessa geração onde a efemeridade e o óbvio saltam os olhos, ele seria essencial. Graças a deus foi para a minha. Posso passar uma tarde toda e mais a noite narrando diversas coisas sobre o artista. Como transformou melodias em verdadeiros clássicos. Uma das coisas que mais eu gostava era a sua voz. Inconfundível. Admito que nunca fui apreciador de "Under Pressure", porém sua voz nessa canção fazia, para mim, toda diferença. Poucos cantores tiravam-me do sério como ele. Sempre houve uma impostação elegante e marcante na sua garganta. Timbres e tons que diferenciava-no de muitos. Eu, sempre soube. Detalhistas de voz, instrutores afirmam que o cantor tinha o vocal de "vibrato". Era capaz de mudar sua voz de uma canção para outra. Alterar por completo. Ele era um "crooner". Disso eu fui sabendo aos poucos. Não precisei estudar música para ter sapiência dessas informações todas. Estava tudo lá na sua discografia. Basta pegar um ou dois discos e ouvir. Quantos artistas criaram "personas" dentro de suas próprias carreiras? O Major Tom - astronauta viciado que viajava pelo cosmo. Ou o alienígena Ziggy Stardust que veio à Terra em missão de paz e se apaixonou pelo rock. Anos depois o Thin White Duke - um aristocrata demente que vivia de leite e cocaína. Essa tal persona inspirou alguns atores e atrizes. David Bowie tinha passe livre no cinema e no teatro. E, com extrema desenvoltura atuava com divas e personalidades. Recusou o título da Ordem do Império Britânico. Rsrsrsrs... Sim, ele sempre foi transgressor. Lembram? Colocou dezenas de cantores na estrada e mostrou como se fazia... Peter Murphy (Bauhaus) possuía uma influência por Bowie tanto musical como na composição teatral. Faceta que muitos pegaram do camaleão e transformaram em marca de banda. Certa altura de uma entrevista, Ian McCulloch (Echo & The Bunnymen) afirmou que preferia Bowie a Beatles. Fora perguntado como era crescer em Liverpool (terra de ambas bandas). Disse também que ao escutar "Starman" nunca mais fora o mesmo. Aquela música mudou pra sempre seus conceitos musicais... Enfim... O músico deixou um legado. Vinte e seis álbuns gravados, centenas de canções, homenagens, filmes, peças, dois olhos desiguais (um cinza e o outro azul) e colocou um ponto final na Terra. E, agora? Há tempos não sentia tanto a despedida de um artista... Ficou uma vazio na vida. Mas, de todo modo: obrigado!


1947 - 2016